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O ex-monge que enfrenta a gigante da beleza L’Oréal

A congregação dos carmelitas teresianos de Boston processa a companhia francesa por violar a patente de seu creme contra o envelhecimento

O monge Dennis-Anthony Wyrzykowski, à direita, com os doutores James Dobson e sua esposa Susan, no laboratório em que desenvolveram a fórmula do Easeamine.
O monge Dennis-Anthony Wyrzykowski, à direita, com os doutores James Dobson e sua esposa Susan, no laboratório em que desenvolveram a fórmula do Easeamine.Steven Senne (AP)

Dennis Wyrzykowski tem uma missão clara: acabar com a pobreza, o crime e os preconceitos que assolam sua comunidade em Boston. Entre suas várias iniciativas, este ex-monge da ordem Carmelita Teresiana criou uma rede de sociedades sem fins lucrativos cujas receitas financeiras destina a ajudar a educação dos marginalizados. “Dê um peixe a um homem e comerá um dia. Ensine-o a pescar e comerá sempre” é seu mantra.

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Uma dessas empresas são os laboratórios Carmel, que fundou quatro anos antes que o Vaticano deixasse de reconhecer a ordem. Agora recorre aos tribunais para proteger a patente de um creme contra o envelhecimento que desde 2009 vende com fins beneficentes e que foi desenvolvida pela Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts. O alvo da ação é o grupo francês L’Oréal, a quem acusa de ter lhe roubado a tecnologia.

O creme se chama Easeamine. O cosmético para usar durante a noite é vendido a 138 dólares (cerca de 440 reais). Utiliza um agente biológico, a adenosina, para dar elasticidade à pele do rosto e do contorno dos olhos. A gigante dos cosméticos, segundo a ação, não conta com licença para vender a linha de produtos que utiliza a tecnologia. O monge também afirma que a L’Oréal sabia da existência dessa patente, mas, apesar disso, seguiu adiante com a venda de seus produtos.

Embalagens do creme Easeamine.
Embalagens do creme Easeamine.Steven Senne (AP)

Wyrzykowski afirma que criou o creme com o objetivo de que a mulher contemporânea seja capaz de aumentar sua beleza e sua , pretendendo criar, assim, uma conexão entre as consumidoras do creme ao torná-las membros da comunidade. O dinheiro que arrecada apoia o trabalho da congregação religiosa na assistência a toxicômanos e encarcerados, e ajuda a educação de jovens sem recursos. A L’Oréal, denuncia, está acabando com seu negócio e seu trabalho beneficente.

“Estão roubando dos pobres”, diz, sem precisar que compensação está buscando. A multinacional responde que a ação não tem fundamento e pede aos tribunais que seja desconsiderada. As duas partes em litígio estão há dois anos tentando resolver a questão sobre a propriedade da tecnologia. A Universidade de Massachusetts decidiu somar-se à ação legal para proteger o acordo de licença que tem com os laboratórios Carmel, mas vai além.

Não é a primeira batalha legal empreendida por esse ex-monge católico romano. Um ano antes de constituir-se como fundação, esta pequena comunidade religiosa acionou a American Tower pela propriedade de terrenos nos quais construiriam um monastério equipado com suas próprias turbinas eólicas para dar eletricidade a famílias de baixa renda. A congregação passava então por sérias dificuldade financeiras.

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