Linguagem stalinista na Venezuela
Constituinte criminaliza os membros da Assembleia Nacional e os julga como “inimigos do povo”
No que representa um novo agravamento do processo de asfixia das liberdades dos venezuelanos, a Assembleia Constituinte – um órgão ilegal e ilegítimo – decidiu abrir um “julgamento histórico por traição à pátria” contra os líderes da oposição e outros dissidentes na Venezuela.
O decreto da Constituinte exala stalinismo tanto em sua linguagem – idêntica à empregada nos julgamentos de Moscou, nos expurgos da China maoísta e em regimes como o norte-coreano – como na estranha unanimidade de seus 545 membros – inverossímil em uma instituição que diz representar todo o povo venezuelano.
Todos os democratas, especialmente na América Latina e na Europa, devem se preocupar muito pelo fato do regime chavista, após ter retirado os poderes da Assembleia Nacional – único órgão democrático que resta no país –, dar agora o passo de criminalizar seus membros e julgá-los como “inimigos do povo”. Sem dúvida estamos diante do prelúdio de uma dissolução da Assembleia – imprescindível para que o Governo possa tomar o controle legislativo, financeiro e orçamentário do país –, assim como da detenção e encarceramento da oposição.
Prova de sua verdadeira natureza como instrumento repressor, a Constituinte, eleita em teoria para elaborar uma nova Constituição, não discutiu um só artigo desse futuro texto. Também não se preocupou pelas liberdades dos venezuelanos, algo especialmente relevante após tornarem-se públicas as conclusões do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), que atribui às forças de segurança a responsabilidade direta por pelo menos 46 dos 124 mortos nos protestos ocorridos entre abril e julho deste ano, além de desaparecimentos forçados e prisões arbitrárias.
A Comunidade Internacional deve agir com toda a urgência e firmeza contra os responsáveis desse regime criminoso e impedir suas pretensões totalitárias.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.