O folclore caipira com efeitos especiais em ‘Malasartes e o duelo com a morte’
Longa rodado no interior de São Paulo estreia nesta quinta em 300 salas do Brasil. Metade das cenas foram feitas em estúdio para criar a fantasia de uma história mítica
Um caipira que mistura Macunaíma com Jeca Tatu dribla a morte em um universo superfantástico. E aqui, o fantástico também pode ser substituído pelo filme com o maior número de efeitos especiais do cinema brasileiro até o momento, como reforçam seus produtores. Malasartes e o duelo com a morte, do diretor Paulo Morelli, é o paradoxo entre o bucólico brejeiro e o que há de mais moderno na tela do cinema. O longa, exibido na segunda-feira no Cine Ceará, estreia nesta quinta-feira, 10 de agosto, em cerca de 300 salas de todo o Brasil.
Interpretado pelo ator pernambucano Jesuíta Barbosa, o personagem folclórico de Pedro Malasartes encanta desde a primeira cena. À espera de seu padrinho e dos supostos “ôro” (ouro) que ele trará de presente de aniversário, Malasartes foge de Próspero (Milhem Cortaz), irmão de Aurora (Ísis Valverde), que não quer que a irmã namore um trapaceiro como ele. No caminho, Malsartes passa a perna em Zé Candinho (Augusto Madeira). Mas acaba topando com a Morte encarnada (Julio Andrade), que quer tirar férias e enganar o rapaz. A partir daí, o personagem matuto entra no universo fantástico e macabro dos efeitos especiais. Completam o elenco Lendro Hassum, Vera Holtz, Luciana Paes e Julia Ianina.
Paulo Morelli conta que a história surgiu na década de 80. Naquela época, o diretor começou a pesquisar o folclore brasileiro para um projeto e acabou se deparando com o personagem lendário ibero-americano Pedro Malasartes. Conhecido em contos populares de Portugal e depois no Brasil, Malasartes seria um exemplo de esperteza e criatividade. Estima-se que os primeiros registros de sua existência datam do século XIII ou XIV. A pesquisa de Morelli ficou guardado por 30 anos até que a tirasse do baú. “Eu esperei o Jesuíta nascer para então filmar”, diz o diretor, brincando sobre seu protagonista, que aos 26 anos, é um dos atores mais promissores da sua geração. De verdade, Morelli é mais do que orgulhoso da escolha de Jesuíta: “o olho gruda na tela quando ele aparece”, diz ele.
Para prender a atenção do público e interpretar Malasartes, Jesuíta Barbosa passou por um preparo físico específico para as cenas em que pula, cai, e é constantemente içado por cabos de aço para os efeitos especiais. Além disso, recebeu uma consultoria para adaptar o sotaque ao interior do Brasil. O texto, conta Paulo Morelli, ganhou uma "tradução ao caipirês" depois de pronto.
As filmagens foram realizadas na região de Jaguariúna, a 120 quilômetros de São Paulo. Mas metade do filme foi feito dentro do estúdio, para poder ganhar os efeitos especiais ao longo de dois anos de pós-produção.
E, apesar do título do longa brasileiro com mais efeitos especiais até o momento, o diretor rejeita os rótulos. “Os efeitos não são o foco”, diz Morelli. “O foco era no mundo caipira, no jeito de falar, no universo mágico”, afirmou, ao rebater uma comparação de Malasartes com Harry Potter. “Gosto de pensar que é um filme brasileiro. Não me agradam estas comparações”.
Mas as comparações ficam somente no plano dos efeitos especiais. De fato, o enredo em nada se parece com o bruxo da autora britânica J. K. Rowling. E para chegar no resultado final, além dos 10 milhões de reais investidos no longa, a produtora O2, da qual Morelli é um dos diretores, investiu mais três milhões de reais. O diretor explica que a ideia também foi que o filme se tornasse o cartão de visitas da produtora para entrar no mercado dos efeitos especiais. “Os efeitos foram feitos a serviço da narrativa”, diz. “Não queria que os efeitos especiais se sobrepusessem à história”, ressaltou.
O longa concorre ao troféu Macuripe na 27ª edição do Cine Ceará, cuja premiação acontece nesta sexta-feira em Fortaleza.
A reportagem viajou à convite do Cine Ceará.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.