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Editoriais
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Ao resgate da fronteira sul

Apoio de França e Alemanha à Itália pela pressão migratória é positivo, mas se nota insuficiente

Membros da Cruz Vermelha prestam atendimento no porto de Barbate (Cádiz) a 45 pessoas resgatadas no mar na semana passada.
Membros da Cruz Vermelha prestam atendimento no porto de Barbate (Cádiz) a 45 pessoas resgatadas no mar na semana passada.Román Ríos (EFE)

Os dois grandes países da zona do euro, França e Alemanha, deram seu apoio à Itália frente à crise migratória. É uma boa notícia porque seu gesto significa, de fato, um respaldo aos planos da Comissão Europeia para aliviar os problemas sofridos pelos países da fronteira sul – Itália, Espanha e Grécia, fundamentalmente – diante da avalanche de imigrantes (85.000 no primeiro semestre do ano somente pelo Mediterrâneo central) e o drama que isso causa (mais de 14.000 mortos no mar desde 2014, lotação e tráfico de pessoas). O grito de alarme de Roma deu resultados e a Europa se mostra disposta, pela enésima vez, a coordenar sua ação com os países de abrigo e ajudar os de trânsito, principalmente a Líbia.

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É uma resposta positiva que será, provavelmente, insuficiente. A tarefa é imensa e a vontade política não está à altura. A UE vive graves tensões internas pela ainda não cumprida divisão de 160.000 refugiados em dois anos, de modo que se nota complicado o desenvolvimento de uma política eficiente e solidária na divisão das responsabilidades da imigração econômica, de dimensão muito maior. A maioria dos que pedem asilo, além disso, é de refugiados econômicos com intenção de se estabelecer imediatamente.

O Governo francês se propõe a reduzir drasticamente os prazos dos processos de asilo que atualmente duram dois anos, mas seu presidente, Emmanuel Macron, insiste na necessidade de se diferenciar refugiados e imigrantes econômicos e lembrando que esses últimos não têm os mesmos direitos dos primeiros. Suas afirmações estão de acordo com as políticas e os princípios europeus, mas sua insistência não vaticina nada de bom para os países fronteiriços que como a Espanha e, principalmente, a Itália suportam quase exclusivamente o primeiro e grave impacto de tamanha pressão.

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