Presidente da Colômbia pede que Maduro cancele a Constituinte para facilitar o diálogo
Juan Manuel Santos soma-se aos apelos da oposição, enquanto Governo venezuelano exibe apoio de Putin
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, somou-se nesta segunda-feira aos apelos da oposição venezuelana para que Nicolás Maduro desista de convocar uma Assembleia Constituinte, cujos integrantes serão eleitos no próximo dia 30 sob regras que favorecem o chavismo. Ao mesmo tempo, o Governo da Venezuela exibiu o apoio manifestado pelo presidente russo, Vladimir Putin, durante uma conversa telefônica com Maduro. “O presidente Putin reconheceu a coragem e esforço do presidente Maduro em manter a estabilidade e a paz no país”, disse nota do Ministério de Relações Exteriores da Venezuela, que alerta também para “os esforços externos que são organizados contra a Venezuela”.
“Para que haja uma solução negociada na Venezuela é necessário que Maduro desmonte a Constituinte”, afirmou Santos pelo Twitter. A declaração ocorre dois dias depois da libertação do líder oposicionista Leopoldo López, e quando faltam apenas seis dias para que os partidos da oposição realizem uma consulta popular com a qual esperam deixar clara a rejeição popular à convocação da Constituinte. A possibilidade de reabertura de um diálogo na Venezuela se choca com as agendas contrapostas do Governo e da Mesa da Unidade Democrática, o principal grupo da oposição. As forças contrárias ao Governo e setores do chavismo crítico a Maduro exigem uma retificação do presidente, além da libertação de todos os presos políticos e a restituição dos plenos poderes do Parlamento, onde o chavismo é minoritário.
A tensão entre os governantes dos dois países vizinhos aumentou nas últimas semanas. O venezuelano recentemente qualificou Santos de “hipócrita” e “fracassado”, e na semana passada, aferrando-se à retórica do inimigo externo, chegou a afirmar que “o presidente Santos precisa me pedir a bênção, compadre, porque somos seus pais”. “Santos, peça a bênção, compadre, incline-se, ajoelhe-se diante do seu pai. Sou seu pai”, prosseguiu, em referência aos tempos da Grande Colômbia. O mandatário colombiano não quis entrar na briga e se limitou a dizer que os insultos de Maduro desqualificam todos os cidadãos do seu país.
O sucessor de Hugo Chávez se dirige quase diariamente aos líderes estrangeiros que clamam por uma saída negociada para a gravíssima crise institucional venezuelana. Age assim para identificar um adversário e para alimentar entre seus partidários o fantasma da ameaça imperialista. Por outro lado, Maduro se gaba do respaldo de outros mandatários – como fez nesta segunda-feira após conversar com Putin. “O presidente da Federação Russa expressou sua admiração pela coragem e a serenidade com a qual foi guiada a nação venezuelana pelo caminho da paz, sob a direção do presidente Nicolás Maduro, junto ao povo venezuelano”, afirma a nota divulgada pela chancelaria.
Em uma “conversa longa e amena”, Putin “reconheceu a coragem e o esforço do presidente Maduro em manter a estabilidade e a paz no país, e expressou seu rechaço aos esforços políticos, internos e externos, que ignoram a ordem constitucional da República Bolivariana da Venezuela”. Segundo o comunicado, o mandatário russo “afirmou conhecer com precisão os esforços externos que são organizados contra a Venezuela, acrescentando que só o povo venezuelano pode determinar seu próprio destino”.
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