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‘O Mínimo para Viver’, o filme da Netflix sobre anorexia juvenil que herda a polêmica de ‘13 Reasons Why’

Trailer supera os dois milhões de reproduções em 48 horas

Héctor Llanos Martínez

Protagonistas jovens e temas que beiram o tabu fazem parte da nova estratégia da programação da Netflix. A rede lançou esta semana o trailer de O Mínimo para Viver (To The Bone), filme protagonizado por uma moça na faixa dos 20 anos que luta contra a anorexia. É uma de suas próximas apostas depois que sua série 13 Reasons Why (Os 13 Porquês), que aborda o suicídio de adolescentes, se transformou em um dos acontecimentos televisivos mais comentados (e tuitados) do ano. O trailer deste filme reabre o debate sobre se os novos conteúdos do canal suscitam um negativo efeito indutor entre seus espectadores mais jovens.

É nocivo ou instrutivo mostrar na TV de forma explícita um corpo magro ao extremo para ilustrar um relato sobre desordens alimentares? A história deste filme se baseia nas experiências reais de sua diretora e roteirista, Marti Noxon. Lily Collins, a atriz de 27 anos, protagonista de O Mínimo para Viver, também confessou em janeiro ter sofrido de anorexia durante a adolescência.

O trailer deste filme, que chega ao catálogo da Netflix em nível mundial em 14 de julho e alcançou dois milhões de reproduções com várias publicações em suas primeiras 48 horas, mostra parte do corpo de Collins nu, extremamente magro. São imagens que provocaram um debate entre os usuários de redes sociais.

Netflix's 'to the bone' is just a massive trigger to anyone with mental health problems or any form of eating disorder, it is not helpful

— morgan (@mxrganmc) 20 de junho de 2017

"É uma enorme provocação para qualquer um que sofra de problemas mentais e desordens alimentares. Não ajuda”

"Antes de todos irem ver este filme, deveriam saber que foi escrito e dirigido por alguém que sofreu de desordens alimentares”

"Ficarei muito decepcionada se a Netflix não mostrar as advertências necessárias nem os recursos suficientes a seus espectadores.

No trailer, protagonista conta as calorias que vai ingerir com a ajuda de sua irmã. Ao ver sua extrema magreza, um médico pouco ortodoxo (Keanu Reeves) tenta convencê-la a tratar sua desordem alimentar. Enquanto ela acredita ter a situação sob controle, sua família não sabe como abordar o problema.

O efeito Netflix

Quando o filme O Mínimo para Viver foi exibido em janeiro no Festival de Cinema de Sundance, as críticas foram em sua maioria positivas. A produção, cuja previsão inicial era de estreia em salas de cinema, não causou debate sobre a idoneidade de seu conteúdo até a Netflix ter comprado os direitos de exibição.

"Não é fácil de ver, mas pode salvar vidas”, publicou então a revista Variety, especializada em cinema, enquanto que a Hollywood Reporter destacava a possibilidade de que o filme “iniciasse um diálogo público” sobre esse assunto.

A repercussão que a Netflix alcançou, com mais de 100 milhões de assinantes em nível mundial, e sua condição de influenciador entre o segmento de público juvenil fazem com que os conteúdos do serviço de streaming sejam olhados com lupa.

"Não podemos garantir que seja nocivo mostrar em uma série ou filme pessoas excessivamente magras. No entanto, estamos, sim, convencidos de que não é benéfico nem preventivo, por mais bem cuidada que a trama esteja”, comenta uma porta-voz da Associação contra a Anorexia e a Bulimia da Catalunha (ACAB), consultada pelo EL PAÍS.

A ACAB encontra precisamente na série 13 Reasons Why o exemplo perfeito desta arma de dupla faceta: considera que é uma boa ferramenta de prevenção em escolas, mas um perigo para um adolescente que possa vê-la em seu celular na solidão de seu quarto. “É um produto bem feito e que plasma uma realidade oculta em torno do bullying e do suicídio juvenil. O problema está no explícito de suas imagens e seu relato. Os espectadores jovens deveriam vê-la acompanhados de um adulto que possa resolver as dúvidas que eles vão ter”, comentam na associação.

Lily Collins, a atriz principal de O Mínimo para Viver, argumentou que este filme pode educar muitos espectadores sobre a anorexia juvenil. “Quando eu sofria desse problema, não sabia muitas das coisas que aparecem neste filme. É um privilégio voltar a me colocar em uma situação já vivida, de uma posição tão diferente e com um ponto de vista tão distinto”, declarou em abril na edição norte-americana da Vanity Fair. A atriz explicou que sua perda forçada de peso nas filmagens foi supervisionada a todo o momento por médicos para evitar uma recaída na doença.

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