Oskar Fischinger, mestre artesanal movimento, da música e da cor
Google comemora o 117º aniversário de nascimento do influente cineasta e artista plástico da geometria
Oskar Fischinger nasceu em 22 de junho de 1900, em Gelnhausen (Alemanha). Antes de se tornar animador e cineasta, foi músico e também técnico de desenho arquitetônico e de ferramentas. Em 1920, em Frankfurt, conheceu o doutor Bernhard Diebold (escritor suíço e crítico do jornal Frankfurter Zeitung) em um clube de literatura, e este sugeriu que se dedicasse a fazer filmes abstratos ao ver seus rolos de esboços abstratos. Esse convite, juntamente com a grata impressão que causou no amigo o Opus I de Walter Ruttman, em 1921 (a primeira projeção pública de um filme abstrato), levou o jovem Fischinger a decidir deixar seu emprego como engenheiro e mudar para Munique para se tornar cineasta em tempo integral.
Suas obras eram, desde o início, uma combinação de geometria e música que se afastavam da animação tradicional da época, o que lhes confere ainda mais valor considerando o contexto da ditadura nazista em que Oskar Fischinger fazia suas experiências.
Seus primeiros filmes, que datam do início dos anos vinte, estão entre os mais radicais, talvez porque o animador se sentisse desafiado a criar algo diferente do que se fazia nos filmes de Ruttman. Em Wax Experiments (Experiências de Cera) e Spirals (Espirais) Fischinger desenhou motivos visuais muito complexos que estão constantemente em movimento em ciclos hipnóticos para depois serem interrompidos por uma montagem de fotogramas únicos com imagens contrastantes.
Como todo artista abstrato, Oskar Fischinger sentia quase sempre a necessidade de demonstrar suas habilidades; assim também realizou desenhos animados convencionais, demonstrando seu domínio da anatomia realista, da perspectiva e do roteiro habitual.
No mundo do desenho, Oskar Fischinger é considerado uma figura imponente, especialmente no campo da animação. É reconhecido por sua capacidade de combinar imagens abstratas impecavelmente sincronizadas com o acompanhamento musical, com cada quadro cuidadosamente desenhado ou fotografado à mão. Um mestre do movimento e da cor, que passou meses e às vezes anos ocupado no planejamento e no artesanato de suas animações.
No verão de 1927 Oskar deixou Munique para ir a Berlim porque fora contratado para fazer efeitos especiais de foguetes, paisagens estelares e superfícies planetárias para o filme de ficção científica A Mulher na Lua, de Fritz Lang, mas fraturou um tornozelo no set, e no hospital, desenhando animações a carvão, decidiu dedicar-se à sua arte.
Naquela época, Ruttmann já havia abandonado os filmes abstratos, então Fischinger estava livre para explorar suas ideias e começou a trabalhar em seus Estudos. A perfeita sincronização dessas animações com a música fez delas extremamente populares em todo o mundo, mas com o advento da Alemanha nazista essas obras abstratas não eram muito bem vistas e as autorizações que Fischinger necessitava para fazer mais filmes foram negadas.
Naqueles anos, sua participação na invenção do processo Gasparcolor permitiu que fizesse novas obras audiovisuais: Composition in Blue (Composição em Azul) foi seu segundo filme colorido, no qual usou pequenos modelos geométricos. Foi apresentado em festivais estrangeiros sem a devida permissão, ganhando o King’s Prize na Exposição Universal de Bruxelas, em outubro de 1935, o que colocou Fischinger em uma posição perigosa.
A Paramount o trouxe para Hollywood em fevereiro de 1936, mas lá não permitiram que continuasse a trabalhar com a cor. Mais tarde, comprou seu curta Allegretto da distribuidora para realizar uma versão colorida, o que acabou fazendo do filme uma das mais perfeitas peças de música visual, graças em parte às camadas de celuloide que tanto revolucionaram o mundo da animação naqueles anos e que Fischinger pôde utilizar.
Todas as tentativas de Fischinger de filmar nos Estados Unidos sempre se complicaram: compôs An Optical Poem (Um Poema Óptico) para a Segunda Rapsódia Húngara, de Liszt (curta que a Metro-Goldwyn-Mayer-MGM apresentou como uma experiência), mas não recebeu benefício algum; fez uma cena para o filme Fantasia, de Walt Disney (Toccata e Fuga em Ré Menor, de Bach), mas também não se deu bem com essa colaboração, pois todos os seus desenhos foram simplificados e modificados para ficarem mais “representativos” ou foram simplesmente eliminados.
Frustradas as intenções de Fischinger como animador (embora tenha feito mais de 50 curtas-metragens), esse grande artista experimental se dedicou cada vez mais à pintura a óleo, tornando-se um artista prolífico que criou muitas obras que capturam o movimento dramático e o sentimento de suas películas em um único quadro. Insatisfeito com os meios de expressão tradicionais, inventou um artefato, o Lumigraph, para produzir telas cromáticas fantásticas com movimentos das mãos –uma espécie de pintura óptica em movimento e precursor dos meios interativos e dos jogos multitelas de hoje.
O cineasta revolucionário da técnica de animação e da combinação com a música Oskar Fischinger morreu em Los Angeles em 31 de janeiro 1967.
Mesmo com a tecnologia avançada que existe hoje, imitar o trabalho de Fischinger é uma tarefa quase impossível, segundo os especialistas, porque suas cores e o movimento são tão cuidadosamente planejados e tão naturalmente brincalhões quanto seu tempo tão preciso e humano.
Por toda a sua trajetória artística e vanguardista, o Doodle de hoje tem como objetivo prestar uma homenagem no dia em que teria completado 117 anos, permitindo ao mesmo tempo confeccionar uma música visual original, porque, como ele mesmo disse: “a música não se limita ao mundo sonoro. Também existe a música visual”.
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