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Egito bombardeia Líbia em represália ao atentado contra cristãos coptas

Força aérea egípcia ataca “um campo de treinamento terrorista” na Líbia após ataque que matou 28 pessoas

O presidente egípcio, Abdul Fattah al-Sisi, não quis esperar mais que algumas horas antes de responder ao atentado terrorista que matou pelo menos 28 cristãos coptas egípcios na sexta-feira de manhã. Na noite do mesmo dia, a Força Aérea egípcia realizou um bombardeio contra um suposto campo de treinamento jihadista perto da cidade de Derna, no leste da Líbia. O ataque foi anunciado pelo presidente egípcio em um discurso televisionado à nação, no qual avisou que não vai tremer o pulso na hora de golpear as “bases terroristas” no país vizinho, sem um Governo central e mergulhado no caos após a guerra civil de 2011.

“O Egito não vai duvidar em bombardear acampamentos terroristas em qualquer lugar, dentro ou fora do Egito”, afirmou o presidente que apareceu diante das câmeras com uma expressão mais triste que feroz. “Os países que apoiarem o terrorismo devem ser castigados, e não há cortesia ou reconciliação com eles”, acrescentou com uma retórica que poderia ter tomado emprestado de Donald Trump, seu maior aliado. De fato, em seu discurso questionou o presidente dos Estados Unidos: “Você disse que sua prioridade é enfrentar o terrorismo, e eu acredito que seja capaz de fazer isso”.

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De acordo com a agência de notícias oficial egípcia MENA, citando altos oficiais do Exército, a operação aérea teria destruído “por completo” o campo de treinamento terrorista em Derna, uma cidade onde várias milícias islâmicas montaram suas bases após a queda do regime de Gaddafi, algumas delas afiliadas à Al Qaeda. Um porta-voz do “Majlis Mujahidin Derna”, o conselho que controla a cidade, afiliado à Al Qaeda e a quem pertencia o acampamento, de acordo com a imprensa egípcia, disse que o bombardeio não provocou nenhuma vítima mortal.

Até agora, o atentado contra os paroquianos egípcios não foi reivindicado oficialmente por nenhum grupo, mas suspeita-se que tem a assinatura do autodenominado Estado Islâmico (EI), pois este grupo desde o final do ano passado lançou uma ofensiva contra cristãos coptas que já custou a vida de mais de uma centena de pessoas. “É importante lembrar que o EI foi derrotado/expulso de Derna há muito tempo. Não está claro qual era o objetivo dos egípcios”, escreveu em sua conta no Twitter o analista líbio Mohamed Eljarh, que vive no leste do país.

Assim, levando em conta que não há nenhuma reivindicação e que os autores do atentado fugiram, é muito difícil que o Governo egípcio tenha alguma evidência de uma “conexão líbia”. Ao contrário, parece que se trata de uma tentativa de apaziguar os espíritos da comunidade cristã copta. Em uma declaração pública, a Igreja Ortodoxa Copta pediu que as autoridades “tomem as medidas necessárias para evitar esses ataques”. Embora os cristãos egípcios tenham apoiado fortemente Al-Sisi após o golpe de Estado de 2013, que o levou ao poder, nos funerais das vítimas dos recentes atentados, grupos de cristãos gritaram palavras-de-ordem contra o Governo

Esta não é a primeira vez que o “Raïs” Al-Sisi reage com um bombardeio aéreo após um massacre contra a comunidade cristã copta. Em meados de fevereiro de 2015, os caças-bombardeiros egípcios também golpearam várias bases jihadistas, uma dela em Derna, depois que o autodenominado Estado islâmico transmitiu o vídeo do brutal assassinato de 21 cristãos coptas por decapitação. No entanto, naquela ocasião, o massacre pelo menos teve lugar na própria Líbia, embora provavelmente não nas zonas atacadas pelos aviões egípcios em sua ação de vingança.

Até o verão passado, o EI chegou a controlar uma área de mais de 100 quilômetros de costa na Líbia ao redor da cidade de Sirte, seu bastião. No entanto, depois de meses de luta, milícias alinhadas com o Governo de Unidade Nacional patrocinado pela comunidade internacional expulsaram o EI da área. De acordo com vários observadores da cena política líbia, centenas de combatentes da milícia jihadista conseguiram escapar do cerco de Sirte, e se refugiaram no sul do país.

No entanto, depois de afundado seu “emirado” líbio e sem controlar nenhuma faixa importante de território, a ameaça representada pela milícia jihadista não desapareceu inteiramente do país magreb. De fato, os serviços de inteligência britânicos acreditam que o autor do recente atentado em Manchester reivindicado pelo EI, Salman Abedi, viajou para a Líbia antes do atentado, onde provavelmente recebeu treinamento.

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