Ao menos dois mortos por disparos nas manifestações na Venezuela
Oposição exibe sua força nas ruas contra o chavismo enquanto o presidente assegura que não cederá "nem um milímetro"
A oposição venezuelana saiu às ruas em Caracas nesta quarta-feira para protestar contra o Governo de Nicolás Maduro e foi recebida com violência. Ao menos duas pessoas morreram vítimas da repressão nas ruas. Um estudante de 18 anos chamado Carlos José Moreno morreu após receber um disparo na cabeça, em meio a mobilização desta manhã. Uma mulher de 23 anos foi atingida por um outro disparo no Estado de Táchira. Ontem à noite, o presidente do país fez um pronunciamento na televisão para denunciar o que chamou de um “complô militar” contra o Governo.
Maduro afirmou que foram “desmantelados vários grupos” e que um líder aposentado foi identificado e preso como um dos “cabeças” do que o chavismo considera uma “tentativa de golpe de Estado” estimulado pelos Estados Unidos. O Executivo comunicou a ativação de uma operação chamada plano Zamora, que consiste na mobilização da estrutura, militar, policial e civil “para garantir o funcionamento” do país, “sua segurança, a ordem interna e a integração social”. “A jurisdição militar está processando todos os rebelados civis e militares, aposentados neste caso, ativos, já capturados ou em fuga para a Colômbia”, acrescentou.
O governante, de quem os líderes da oposição exigem a realização de eleições e a libertação de presos políticos como Leopoldo López, apontou além disso os que vê como responsáveis políticos. Por exemplo, afirmou que o presidente da Assembleia venezuelana, o opositor Julio Borges, deve ser processado. “O que Borges fez hoje configura um delito contra a Constituição e portanto deve ser processado. Chama abertamente para um golpe de Estado os funcionários das Forças Armadas, passando por cima de suas linhas, de seus líderes e de seu comandante em chefe. Isso está tipificado como ruptura constitucional”, disse. Borges tinha pedido aos militares que agissem com consciência durante as mobilizações, afirmando que a rede de comando não livra esses funcionários de sua responsabilidade. Também tinha comunicado que seu partido, Primeiro Justiça, denunciou ao Tribunal de Haia um “caso de tortura” de dois dirigentes juvenis do partido.
A oposição venezuelana saiu em marchar em clima de alta tensão por conta das demonstrações de força do chavismo, depois da onda de protestos das últimas semanas. Depois de solicitar o respaldo “incondicional” do exército, o presidente anunciou também sua intenção de armar no futuro um milhão de civis como membros da Milícia Nacional Bolivariana, um corpo de apoio às forças armadas que já conta com centenas de milhares de efetivos.
“Um fuzil para cada miliciano, um fuzil para cada miliciana”, proclamou Maduro ao término de um ato militar convocado na segunda-feira, disse, “em defesa da moral” e “em repúdio aos traidores da pátria”, acrescentou em referência aos dirigentes opositores. O governante venezuelano lançou nos dias anteriores à manifestação, à qual o Governo responderá com uma mobilização alternativa, várias mensagens de cunho militarista. O último foi o anúncio de ampliação da milícia civil e a comunicação dessa operação.
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