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Principal opositor, Capriles diz estar proibido de se candidatar na Venezuela

Governador fez anúncio no Twitter em meio à tensão no país por protestos e choque de Poderes

Capriles na quinta-feira em uma manifestação de protesto em Caracas.
Capriles na quinta-feira em uma manifestação de protesto em Caracas.CARLOS GARCIA RAWLINS (REUTERS)

A tensão não para de aumentar na Venezuela. O duas vezes candidato à presidência do país, Henrique Capriles, denunciou nesta sexta-feira que a Controladoria-Geral da República do país o inabilitou por 15 anos para o exercício de cargos públicos. Capriles e Leopoldo López, preso e também impedido de se candidatar, são os dois principais líderes da oposição. A inabilitação do governador do Estado de Miranda abre um panorama incerto na escolha do candidato unitário que representará a oposição nas eleições presidenciais de 2018.

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Tomás Guanipa, secretário-geral do Primeiro Justiça, o partido de Capriles, afirmou que sua inabilitação é a prova de que na Venezuela vigora uma ditadura. A medida parece ter dado à base opositora novas razões para mobilizar-se no sábado em Caracas. Os detalhes ainda não são conhecidos.

O Governo de Nicolás Maduro parece avançar no projeto de moldar uma oposição à sua medida. Pressionado pela condenação internacional desencadeada pelo autogolpe promovido pelo Tribunal Supremo de Justiça, mediante duas polêmicas sentenças, e o patético estado da economia, o regime se vê obrigado a não continuar adiando a data das eleições de governadores, que deveriam ter sido realizadas em dezembro de 2016, e de não atrasar com manobras legais as eleições presidenciais de dezembro de 2018. Nesta semana o presidente Nicolás Maduro reconheceu que ano que vem haverá eleições na Venezuela.

O Conselho Nacional Eleitoral, que responde aos interesses do Governo de Maduro, justificou o adiamento com o argumento de que os partidos da oposição estão renovando seu quadro de militantes. Só quando esse processo for concluído, no mês de junho, serão realizadas as eleições para renovar as autoridades dos 23 Estados. A demora joga a favor de Maduro, que aposta no milagre da retomada dos preços do petróleo e na herança do falecido Hugo Chávez para tentar subir nas pesquisas.

Na quinta-feira, Capriles denunciou que havia sido multado pela controladoria no equivalente a dez dólares (cerca de 32 reais) por alterar, de maneira supostamente fora das regras, o orçamento do Governo do Estado de Miranda, que ele encabeça desde 2008. A Controladoria-Geral da República o havia convocado em janeiro para que respondesse a uma investigação iniciada por esse órgão em setembro de 2016. Capriles disse, então, que o Governo apostava em sua inabilitação e que temia que a notificação chegasse a qualquer momento. Esse momento chegou.

O ex-candidato presidencial também estava na mira do Governo central. Em janeiro o Governo de Miranda foi mencionado pelo jornal The Wall Street Journal como um dos beneficiados na rede de subornos da construtora brasileira Odebrecht na América Latina. A Frente Anticorrupção, uma ONG vinculada ao chavismo, solicitou então à Procuradoria uma medida cautelar que o impedisse de alienar seus bens. Em sua defesa, Capriles argumentou que os contratos com a Odebrecht tinham sido firmados durante a gestão de seu antecessor no cargo, Diosdado Cabello, homem-forte do regime, que também é mencionado nas atas da Operação Lava Jato.

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