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FMI: América Latina sai da recessão este ano, mas com dificuldade

A nova projeção do fundo monetário é de uma expansão ainda anêmica da região em 2017, de 1,1%

Peatones em frente à sede do FMI em Washington
Peatones em frente à sede do FMI em WashingtonMANDEL NGAN (AFP)
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O Fundo Monetário Internacional assegura que a América Latina superou a recessão. Mas também prevê que a recuperação será mais fraca do que o esperado. A nova projeção do FMI é uma expansão de 1,1% este ano, ainda anêmica. É 0,1 ponto percentual inferior à estimativa divulgada há três meses e meio ponto abaixo do previsto no relatório de outono. O crescimento estimado para a região em 2018 é de 2%, também abaixo das expectativas.

O corte vai na direção oposta à projeção para a economia global, que deve mostrar expansão de 3,5%, 0,1 ponto percentual acima da estimativa anterior. O FMI também está menos otimista em relação ao desempenho de países emergentes, cuja projeção de crescimento foi reduzida para 4,5% este ano, precisamente por causa da deterioração das perspectivas para as principais economias, especialmente na América Latina, com destaque para o México.

A taxa de crescimento da economia mexicana, uma das mais importantes, vai se desacelerar de 2,3% em 2016 para 1,7% este ano, para então subir a 2% em 2018. O ajuste, segundo especialistas, se deve à piora das perspectivas de investimento e de consumo diante de condições financeiras mais restritivas. O relatório também cita a incerteza nas relações comerciais com os Estados Unidos.

A esperança do FMI é que as reformas estruturais empreendidas pelo Governo de Peña Nieto ajudem a estimular o crescimento da atividade econômica no médio prazo, adicionando meio ponto percentual ao PIB. Mas isso será insuficiente para compensar a queda de 1,2 ponto percentual no ritmo de crescimento econômico em dois anos.

Os novos números para a economia brasileira são os seguintes: houve retração de 3,6% no ano passado, 0,1 ponto percentual a mais do que o esperado. O FMI prevê uma expansão de 0,2% para o PIB brasileiro este ano, muito tímida, mas suficiente para tirar o país da recessão. Neste caso, a estimativa permanece inalterada. No entanto, revisa para cima, em 0,2 ponto percentual, o crescimento previsto em 2018, para 1,7%.

Segundo o FMI, os fatores que contribuem para a recuperação do Brasil são a menor incerteza política e o progresso no programa de reformas, embora as investigações sobre os esquemas de corrupção representem um desafio. O Fundo também cita o afrouxamento monetário. A estabilidade interna também permitirá que a economia da Argentina volte a crescer, com uma expansão de 2,2% este ano e de 2,3% no próximo, impulsionada pela recuperação do investimento privado e das exportações.

Crise profunda

A Venezuela é o destaque negativo. Ainda mergulhada em uma profunda crise econômica, com uma queda estimada de 7,4% do PIB este ano e de 4,1% em 2018. "A monetização dos déficits fiscais, as grandes distorções econômicas e severas restrições à importação alimentam uma inflação que se acelera rapidamente", alerta o FMI. A projeção é que os preços subam 720% este ano e 2.070% no próximo.

O ajuste nos preços de energia e de matérias-primas é um fator-chave que influencia os países a curto e médio prazo, como Chile e Colômbia, que irão crescer 1,7% e 2,3% respectivamente em 2017. Mas a equipe do FMI liderada por Maurice Obstfeld destaca que, apesar deste estímulo, os países exportadores, de uma forma geral, continuam em dificuldade.

A Bolívia, por sua vez, terá a maior taxa de crescimento da região este ano, de 4%, segundo a tabela publicada pelo FMI com as projeções atualizadas. Será seguida pelo Peru, com 3,5%, e Paraguai, com 3,3%. Esses três países devem mostrar expansão de 3,7% em 2018. A economia do Equador, por sua vez, deve encolher 1,6% em 2017 e mostrar um desempenho negativo de 0,3% no próximo ano.

Juros e câmbio

A condições financeiras também diferem em toda a região. A taxas de juro sobem no México, enquanto o cenário é de redução no Brasil. Algo semelhante acontece com o câmbio. O movimento mais significativo a este respeito é o do peso mexicano, que sofreu uma depreciação acentuada depois das eleições nos EUA e se fortaleceu nas últimas semanas, até alcançar o nível anterior à vitória de Donald Trump.

As políticas protecionistas do novo inquilino da Casa Branca são, em geral, uma clara ameaça para a economia global e, por extensão, para a América Latina. Essa incerteza, ao mesmo tempo, não permite que os países possam aproveitar o fato de que os EUA vão crescer a uma taxa de cerca de 2,4% este ano e no próximo. O FMI também cita como um fator de risco a médio prazo o menor ritmo da produtividade.

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