_
_
_
_

FMI: América Latina sai da recessão este ano, mas com dificuldade

A nova projeção do fundo monetário é de uma expansão ainda anêmica da região em 2017, de 1,1%

Peatones em frente à sede do FMI em Washington
Peatones em frente à sede do FMI em WashingtonMANDEL NGAN (AFP)
Mais informações
FMI alerta para guerras comerciais na era Trump
Rejeição de Trump ao tratado do Pacífico não será grave para a América Latina, diz FMI
Sem citar crise política, FMI aposta no fim da recessão do Brasil neste ano
França em alerta após carta-bomba no FMI e tiroteio em colégio em Grasse

O Fundo Monetário Internacional assegura que a América Latina superou a recessão. Mas também prevê que a recuperação será mais fraca do que o esperado. A nova projeção do FMI é uma expansão de 1,1% este ano, ainda anêmica. É 0,1 ponto percentual inferior à estimativa divulgada há três meses e meio ponto abaixo do previsto no relatório de outono. O crescimento estimado para a região em 2018 é de 2%, também abaixo das expectativas.

O corte vai na direção oposta à projeção para a economia global, que deve mostrar expansão de 3,5%, 0,1 ponto percentual acima da estimativa anterior. O FMI também está menos otimista em relação ao desempenho de países emergentes, cuja projeção de crescimento foi reduzida para 4,5% este ano, precisamente por causa da deterioração das perspectivas para as principais economias, especialmente na América Latina, com destaque para o México.

A taxa de crescimento da economia mexicana, uma das mais importantes, vai se desacelerar de 2,3% em 2016 para 1,7% este ano, para então subir a 2% em 2018. O ajuste, segundo especialistas, se deve à piora das perspectivas de investimento e de consumo diante de condições financeiras mais restritivas. O relatório também cita a incerteza nas relações comerciais com os Estados Unidos.

A esperança do FMI é que as reformas estruturais empreendidas pelo Governo de Peña Nieto ajudem a estimular o crescimento da atividade econômica no médio prazo, adicionando meio ponto percentual ao PIB. Mas isso será insuficiente para compensar a queda de 1,2 ponto percentual no ritmo de crescimento econômico em dois anos.

Os novos números para a economia brasileira são os seguintes: houve retração de 3,6% no ano passado, 0,1 ponto percentual a mais do que o esperado. O FMI prevê uma expansão de 0,2% para o PIB brasileiro este ano, muito tímida, mas suficiente para tirar o país da recessão. Neste caso, a estimativa permanece inalterada. No entanto, revisa para cima, em 0,2 ponto percentual, o crescimento previsto em 2018, para 1,7%.

Segundo o FMI, os fatores que contribuem para a recuperação do Brasil são a menor incerteza política e o progresso no programa de reformas, embora as investigações sobre os esquemas de corrupção representem um desafio. O Fundo também cita o afrouxamento monetário. A estabilidade interna também permitirá que a economia da Argentina volte a crescer, com uma expansão de 2,2% este ano e de 2,3% no próximo, impulsionada pela recuperação do investimento privado e das exportações.

Crise profunda

A Venezuela é o destaque negativo. Ainda mergulhada em uma profunda crise econômica, com uma queda estimada de 7,4% do PIB este ano e de 4,1% em 2018. "A monetização dos déficits fiscais, as grandes distorções econômicas e severas restrições à importação alimentam uma inflação que se acelera rapidamente", alerta o FMI. A projeção é que os preços subam 720% este ano e 2.070% no próximo.

O ajuste nos preços de energia e de matérias-primas é um fator-chave que influencia os países a curto e médio prazo, como Chile e Colômbia, que irão crescer 1,7% e 2,3% respectivamente em 2017. Mas a equipe do FMI liderada por Maurice Obstfeld destaca que, apesar deste estímulo, os países exportadores, de uma forma geral, continuam em dificuldade.

A Bolívia, por sua vez, terá a maior taxa de crescimento da região este ano, de 4%, segundo a tabela publicada pelo FMI com as projeções atualizadas. Será seguida pelo Peru, com 3,5%, e Paraguai, com 3,3%. Esses três países devem mostrar expansão de 3,7% em 2018. A economia do Equador, por sua vez, deve encolher 1,6% em 2017 e mostrar um desempenho negativo de 0,3% no próximo ano.

Juros e câmbio

A condições financeiras também diferem em toda a região. A taxas de juro sobem no México, enquanto o cenário é de redução no Brasil. Algo semelhante acontece com o câmbio. O movimento mais significativo a este respeito é o do peso mexicano, que sofreu uma depreciação acentuada depois das eleições nos EUA e se fortaleceu nas últimas semanas, até alcançar o nível anterior à vitória de Donald Trump.

As políticas protecionistas do novo inquilino da Casa Branca são, em geral, uma clara ameaça para a economia global e, por extensão, para a América Latina. Essa incerteza, ao mesmo tempo, não permite que os países possam aproveitar o fato de que os EUA vão crescer a uma taxa de cerca de 2,4% este ano e no próximo. O FMI também cita como um fator de risco a médio prazo o menor ritmo da produtividade.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_