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EUA e China buscam plano de resposta à ameaça norte-coreana

Trump reage ao teste de míssil fracassado de Pyongyang com um gesto a Pequim

Amanda Mars
O vice-presidente Mike Pence
O vice-presidente Mike PenceLee Jin-man (AP)

Os Estados Unidos buscam com a China e seus aliados internacionais um plano de resposta, com diversas opções, caso a Coreia do Norte continue com as suas “provocações”. Os testes balísticos do regime comunista são cada vez mais inquietantes, apesar do revés sofrido no domingo com o fracasso do lançamento de um novo míssil. O presidente dos EUA, Donald Trump, reagiu neste domingo com um gesto a Pequim, a quem pede mais colaboração, embora admitindo abertamente que seus ataques no terreno econômico estarão muito vinculados ao que ocorrer com a frente norte-coreana. “Por que eu chamaria a China de manipuladora de moeda quando está trabalhando conosco no problema norte-coreano? Veremos o que acontece!”, disse Trump no Twitter. O mandatário norte-americano, que passava o fim de semana em sua mansão na Flórida, também defendeu o maior gasto militar afirmando que “não há escolha”.

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Seu número dois, o vice-presidente Mike Pence, e o diretor do Conselho de Segurança Nacional, general Herbert McMaster, usaram um tom mais duro. A ação norte-coreana coincidiu com a viagem de Pence à Ásia, justo a caminho da Coreia do Sul, para analisar as diferentes opções de resposta ao programa cada vez mais ameaçador. “A provocação do norte esta manhã é simplesmente o último lembrete sobre os riscos que cada um de vocês enfrenta todos os dias”, disse Pence numa reunião com militares norte-americanos e sul-coreanos numa base em Seul. Ao mesmo tempo, McMaster explicou, durante visita ao Afeganistão, que os EUA trabalham com seus aliados internacionais e com o Governo chinês para “elaborar uma gama de opções” que estejam prontas se o regime norte-coreano “continuar com seu padrão desestabilizador e provocador”.

A nova demonstração de força de Pyongyang não causou surpresa. A celebração do 105o aniversário do nascimento do fundador (Kim Il-sung) buscava, além de reforçar a imagem de poder do neto, Kim Jong-un, lançar uma mensagem ao Governo de Trump num momento de tensão entre os dois países. Antes do lançamento fracassado, o regime asiático havia exibido diversos mísseis pelas ruas da capital, em outra parte das comemorações pelo aniversário de nascimento do fundador. Assim, o neto mostrava ao mundo – e muito especialmente à nova Administração dos EUA – seu poderio em armas nucleares e, nas palavras do número dois do regime, Choe Ryong-hae, dava um recado muito inquietante: “Se houver uma provocação temerária contra nós, nosso poderio contrarrevolucionário lançará um contra-ataque com um golpe aniquilador. Responderemos à guerra total com guerra total, e à guerra nuclear com nosso próprio estilo de ataque nuclear.”

A alta voltagem das mensagens entre os EUA e a Coreia do Norte – uma ditadura ferrenha e o país mais sancionado do mundo pelo desenvolvimento do programa nuclear – causa preocupação no planeta inteiro. O entrevero tem se mantido através de palavras (“A Coreia do Norte está procurando problemas. Se a China quer nos ajudar, ótimo. Do contrário, resolveremos os problemas sem eles!”, disse Trump na terça-feira) e também de gestos. Há uma semana, Washington posicionou diante da Península da Coreia um grupo naval de ataque liderado pelo porta-aviões Carl Vinson, que inicialmente se dirigia rumo à Austrália, como resposta às ameaças do regime norte-coreano.

Pyongyang intensificou seus ensaios com armas nucleares nos últimos tempos, e as sanções impostas pela ONU não surtem efeito. Nesse contexto, a nova Casa Branca advertiu, semanas atrás, que sua paciência estava acabando. Em viagem pela Ásia em meados de março, o secretário de Estado, Rex Tillerson, afirmou que não descartava nenhuma opção, inclusive a militar, embora logo depois tenha moderado o tom e voltado a apostar na via política. Trump retomou há poucos dias a retórica mais beligerante.

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