Rússia diz que EUA não devem forçá-la a escolher entre Assad e Washington
Putin afirma que relação com Washington piorou e que a confiança diminuiu “sobretudo no aspecto militar”
A Rússia advertiu os EUA de que sua intervenção na Síria por meio de um ataque aéreo em represália ao uso de armas químicas contra a população civil é “uma violação da lei” e que isso “não deve se repetir”. Foi o que comunicou o ministro do Exterior, Serguei Lavrov, a seu homólogo norte-americano, Rex Tillerson, que está em visita a Moscou. A viagem, decisiva para as relações entre os dois países, começou com uma dura retórica de Washington contra Moscou por seu apoio ao regime do sírio Bashar al Assad, a quem os EUA e a maioria dos países ocidentais responsabilizam pelo ataque químico que matou 86 civis em Khan Sheikhun no dia 4 de abril.
“Não nos imponham o falso dilema de estar com vocês ou contra vocês”, disse Lavrov a seu colega norte-americano no início do encontro. Uma resposta à advertência feita por Tillerson na segunda-feira ao Governo do Putin, dizendo que deveria escolher entre aliar-se aos EUA ou manter seu apoio a Bashar al Assad ao lado do Irã e do Hezbolá.
Em entrevista concedida nesta quarta-feira à emissora de televisão russa Mir, o presidente Vladimir Putin afirmou que o nível de confiança no Governo dos EUA “não melhorou, mas diminuiu, sobretudo no aspecto militar”.
Tillerson disse esperar que na reunião com Lavrov seja possível “esclarecer” as posições de cada um, “determinar as diferenças e por que existem” e ver “os meios para reduzi-las”. Para a Rússia, como enfatizou Lavrov na reunião, a postura do presidente Donald Trump sobre a Síria continua sendo um mistério. “Não vou esconder de vocês, surgiram-nos muitas perguntas tendo em conta as ideias às vezes contraditórias ditas em Washington em relação a todo o âmbito das relações bilaterais e multilaterais”, ressaltou Lavrov, que insistiu que, para a Rússia, é muito importante entender “as verdadeiras intenções do Governo Trump”.
Tillerson concordou com seu colega russo e manifestou a esperança de que o “encontro sirva para impulsionar um diálogo aberto e sincero” para que os dois países possam desenvolver suas relações “em uma direção positiva”. “Este encontro acontece em um momento muito importante, em que tentamos esclarecer nossas posições e falar dos âmbitos em que nossos objetivos e interesses coincidem, apesar das diferenças táticas”, declarou.
Pouco antes do encontro entre os dois responsáveis pela política externa, o vice-ministro russo do Exterior, Serguei Ryabkov, frisou que a retórica de Washington tende a ser “primitiva e grosseira”, um tom mais duro que o empregado por seu superior.
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