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Oposição venezuelana se prepara para voltar às ruas após o golpe de Estado

Governo mantém silêncio sobre a sentença do Tribunal Supremo que anula os poderes do Parlamento

Juan Requesens, deputado da oposição, protesta diante do Tribunal Supremo.Foto: atlas | Vídeo: CARLOS GARCIA RAWLINS
Maolis Castro
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EDITORIAL | Golpe de Estado na Venezuela

A oposição da Venezuela anunciou que prepara uma dura reação nas ruas à decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), dominado pelo chavismo, de destituir a Assembleia Nacional (AN). Para impedir os habituais ataques da polícia contra os manifestantes, o presidente da Câmara, Julio Borges, foi cauteloso quanto ao calendário dos protestos. “Não queremos que o Governo venha nos reprimir desde já, vamos [protestar] quando for o momento, e vamos na companhia do povo venezuelano de todos os cantos do país”, disse o deputado.

A Unidade Democrática mostrará suas cartas nesta sexta-feira numa entrevista coletiva em Caracas. Mas na capital da Venezuela, o descontentamento com o golpe imposto ao Poder Legislativo começa a se tornar palpável. Em vários bairros da parte leste da cidade ocorreram minúsculas e espontâneas manifestações de rechaço à ruptura da ordem constitucional.

Um grupo de deputados da oposição foi o primeiro a protagonizar um protesto. Manifestaram-se diante sede do Supremo, no centro de Caracas, contra a sentença 156 da Sala Constitucional do TSJ, publicada na quarta-feira à noite, que priva a Assembleia Nacional de suas competências. Mas militares e seguidores do chavismo a reprimiram. "Temos que sair, protestar e brigar por nossos direitos… Vêm por aí dias muito difíceis para a Venezuela”, afirmou Carlos Paparoni, um parlamentar agredido, ao canal VivoPlay.

A suspensão da AN foi condenada por Governos e organizações internacionais, enquanto o chavismo se entrincheirou no silêncio. O Governo da Venezuela pouco se manifestou sobre a sentença que liquida o Poder Legislativo e transfere suas funções à Sala Constitucional ou a outro organismo que o TSJ definir.

Cilia Flores, primeira-dama da Venezuela e deputada governista, tentou justificar o golpe institucional. “A Assembleia, estando em desacato, se autoanulou, e os vícios, derrotas e esse proceder errático do Parlamento venezuelano levaram a essa sessão da OEA [Organização dos Estados Americanos] para acabar com ela, terminar de destrui-la. Isso é o que esta direita está fazendo. Tudo onde eles pisam não cresce mais grama”, opinou ela num programa na emissora estatal VTV. Mas seu marido, Nicolás Maduro, não fez declarações, e seu Gabinete tampouco se estendeu em comentários sobre a cassação das atribuições parlamentares.

Há anos o Governo de Maduro é questionado por se afastar dos modelos democráticos. A perseguição e prisão de opositores, a suspensão de um referendo para revogá-lo, a manipulação do Supremo e do Poder Eleitoral e agora um golpe contra a AN se destacam como os principais sinais de autoritarismo.

O chavismo se esquiva dos questionamentos. Há três dias, os países da OEA discutiram a ativação da Carta Democrática Interamericana na Venezuela. Maduro apontou um complô internacional contra si: “O departamento de Estado dos Estados Unidos armou uma coalizão de Governos direitistas para derrubar a Venezuela”.

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