120 generais aposentados se rebelam contra o orçamento de Trump
Antigos altos comandantes alertam para o risco à segurança mundial se a diplomacia ficar sem recursos
![J.M. AHRENS](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/https%3A%2F%2Fs3.amazonaws.com%2Farc-authors%2Fprisa%2Fa8d3d51b-63fb-4044-90fa-fc3e6fdae017.jpg?auth=71cb888c68a3f94c3df73f306ba94a01247a7b5ba098ef4cc58889f1128b4244&width=100&height=100&smart=true)
![O presidente norte-americano, Donald Trump.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/R6AC4MYQKVM3NT7BP3CE7H7E3M.jpg?auth=7c7f606e79fe9bf3722e44c2ac3238e62e1d6168952684e62c5f8c74a13a419e&width=414)
Donald Trump se deparou com um crítico inesperado. O corte ordenado pelo presidente dos Estados Unidos para bancar seu gigantesco orçamento militar foi criticado por 120 generais e almirantes aposentados, entre os quais figuras tão destacadas como o antigo diretor da CIA David Petraeus e o ex-chefe das Forças Armadas George Casey. Em uma carta dirigida aos líderes do Congresso e aos principais secretários governamentais, este grupo de antigos altos comandantes alerta para o risco que implica reduzir, como pretende Trump, o gasto do Departamento de Estado e seus programas de ajuda externa.
“Sabemos pelo nosso serviço armado que muitas das crises que nossa nação enfrenta não têm somente uma solução militar. E isto inclui desde fazer frente à violência extremista de grupos como o Estado Islâmico no Norte da África e no Oriente Médio até prevenir pandemias como o ebola ou estabilizar Estados fracos e frágeis que podem desencadear a instabilidade”, indica o texto.
Para os generais aposentados, o serviço diplomático e suas agências de cooperação, como a Usaid, são absolutamente necessárias para a manutenção da ordem e da paz. “São críticos para prevenir o conflito e reduzir a necessidade de enviar nossos homens e mulheres para o perigo”, dizem.
O objetivo de Trump, divulgado na segunda-feira, é aumentar o gasto militar em 54 bilhões de dólares (168 bilhões de reais) –no total, 9,3%. Trata-se do maior incremento em uma década e devolve os Estados Unidos à era Bush, quando os conflitos do Iraque e Afeganistão estavam em plena efervescência. Para conseguir esse aumento, o presidente ordenou um corte geral que afeta basicamente o Departamento de Estado e a ajuda externa.
Nesse contexto, os militares lembram que reduzir os fundos do Departamento de Estado implica depender perigosamente das armas: “Os militares podem dirigir a luta contra o terrorismo no campo de batalha, mas precisam de parceiros civis fortes no combate contra os indutores do extremismo”. Por tudo isso, pedem que sejam assegurados os recursos para que a diplomacia prossiga com seu trabalho diante das ameaças globais que pairam sobre os Estados Unidos. “Não é tempo para a retirada”, conclui a carta.