_
_
_
_

José Serra deixa o Itamaraty e cita motivos de saúde

Tucano apresenta carta de demissão a Michel Temer alegando estar incapacitado de manter ritmo de viagens internacionais

O chanceler José Serra.
O chanceler José Serra.Juan Ignacio Mazzoni EFE
Felipe Betim

José Serra deixou nesta quarta-feira o ministério de relações exteriores. Em carta ao presidente Michel Temer, o tucano alegou problemas de saúde "do conhecimento" do mandatário que o "impedem de manter o ritmo de viagens internacionais" e o próprio "trabalho do dia a dia", segundo adiantou a Globo News. Serra, que está prestes a completar 71 anos e foi submetido em dezembro a uma cirurgia na coluna cervical, não detalhou sua condição médica na carta. Ele disse, entretanto, que sua recuperação demorará ao menos quatro meses e que "honrará" seu mandato no Senado Federal, o qual pretende reassumir. Marcos Galvão, secretário-geral do Itamaraty, assume interinamente o posto.

Mais informações
Agora, Serra diz que não teve pesadelo com eleição de Donald Trump
O chanceler Serra, ameaçado pela delação da Odebrecht
Uruguai recua e diz que acusação a Serra foi “mal entendido”
José Serra descobre a igualdade de gênero no México
Presidência da Venezuela no Mercosul aprofunda a crise do bloco
Capriles cobra de Serra posição assertiva do Brasil sobre a Venezuela

No Senado, Serra foi um dos membros do PSDB que mais apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff e a ascensão de Temer. Chegou a ser cotado para o Ministério da Fazenda, mas no final acabou ganhando o Itamaraty como contrapartida. O tucano sempre flertou com a ideia de voltar a concorrer a presidência da república em 2018, após tentar em 2002 e em 2010. Assim, o Governo Temer serviria de plataforma para alavancar seus interesses políticos.

A passagem de Serra pelo Ministério das Relações Exteriores começou conturbada devido às dificuldades naturais de pertencer a um Governo que, naquele momento, ainda era interino. Mas deixou claro desde o início que o objetivo de sua gestão seria as relações comerciais e a busca por acordos bilaterais. O tucano também deixou de lado o estilo discreto que normalmente acompanham os diplomatas do Itamaraty. Foi responsável por uma virada da diplomacia brasileira dos últimos anos ao engrossar a voz com a Venezuela de Nicolás Maduro e outros países do chamado eixo-bolivariano. Ao lado da Argentina de Mauricio Macri, foi um dos responsáveis por suspender a Venezuela do Mercosul, argumentando problemas políticos internos que vão contra os princípios democráticos do bloco.

Com olhos em 2018, seguiu com sua agenda dividida entre a diplomacia e a política. Costumava receber parlamentares, mas não estava no centro do debate político. No final do ano passado, entretanto, seu nome voltou às manchetes por um motivo inglório: segundo a Folha de S. Paulo, a campanha do tucano à presidência em 2010 recebeu, via caixa dois, 23 milhões de reais da Odebrecht. O jornal cita a delação de dois executivos da empreiteira que já foram homologadas pelo STF, mas que ainda não foram tornadas públicas.

Assim, além de seus problemas de saúde, Serra deve superar – como boa parte do mundo político – o desfecho da Operação Lava Jato para voltar a sonhar com a presidência da República. Uma vez superados esses dois obstáculos, deverá ainda disputar com o governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves – também enrolado na Lava Jato – a indicação do PSDB.

Devido a esta divisão interna do partido, especula-se que Serra possa mudar de partido para poder disputar o cargo. Economista de formação e exilado durante a ditadura militar, ele foi um dos fundadores do PSDB e ocupou diversos cargos ao longo de sua carreira política. Antes de chegar ao Itamaraty, foi deputado constituinte, ministro do Planejamento e da Saúde do Governo FHC, prefeito e governador de São Paulo.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_