O chanceler Serra, ameaçado pela delação da Odebrecht
Segundo a 'Folha de S.Paulo', executivos da empreiteira relataram os pagamentos ao tucano
José Serra, ministro das Relações Exteriores do Governo de Michel Temer, pode ser um dos primeiros alvos da bombástica delação premiada dos empresários da construtora Odebrecht. Nesta sexta-feira reportagem do jornal Folha de S.Paulo afirma que 23 milhões de reais da empreiteira teriam sido repassados à campanha do tucano via caixa dois em 2010. Naquele ano ele disputou a presidência com a petista Dilma Rousseff. Parte do montante teria sido pago em contas na Suíça. Os acordos de colaboração com a Justiça são negociados com o Ministério Público Federal no âmbito da Operação Lava Jato, e ainda precisam ser homologados. Por meio de sua assessoria, o tucano negou irregularidades.
Além disso, as informações dão conta que dois ex-deputados federais, Ronaldo Cezar Coelho (ex-PSDB atual PSD), que fez parte da coordenação de campanha de Serra, e Márcio Fortes (PSDB-RJ), ligado ao chanceler, foram os responsáveis pelo recebimento do valor. Segundo a reportagem, Serra e os ex-parlamentares foram citados por dois executivos da empreiteira durante a negociação de seus termos de colaboração com a Justiça: Pedro Novis, que presidiu o conglomerado e seria amigo pessoal de Serra, e o diretor Carlos Armando Paschoal.
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral, a Odebrecht doou oficialmente 2,4 milhões de reais ao comitê nacional de campanha presidencial do tucano. Os executivos da Odebrecht afirmaram que os 23 milhões repassados via caixa 2 para o comitê teriam sido posteriormente distribuídos para as campanhas de outros candidatos do PSDB. Segundo os delatores, os valores pagos para o comitê tucano não seriam contrapartida por eventuais contratos. Eles se comprometeram a apresentar comprovantes dos depósitos feitos no Brasil e no exterior para embasar as denúncias apresentadas.
Dezenas de executivos e funcionários da Odebrecht negociam acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal, e existe a expectativa de que outros nomes de peso do Governo sejam mencionados. Além de Serra, os peemedebistas Eliseu Padilha, da Casa Civil, Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, e o próprio presidente Temer podem ter seus nomes implicados de vez no escândalo de corrupção da Lava Jato.
Serra já havia tido seu nome envolvido na Lava Jato após da 23ª fase da operação, batizada de Acarajé, em fevereiro deste ano. À época os policiais apreenderam planilhas de pagamentos feitos pela empreiteira na casa do então presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Júnior, no Rio de Janeiro. Júnior é um dos executivos da empreiteira que negocia acordo de delação com as autoridades. No total, os documentos traziam os nomes de 240 políticos de 22 partidos, mas não se sabe se os valores foram pagos e declarados pelas campanhas à Justiça.
A assessoria do chanceler afirmou que não iria se manifestar sobre “supostas delações”, e que o tucano “não cometeu irregularidades”. A defesa do ex-deputado Ronaldo Coelho afirmou à Folha que ele não iria comentar o assunto antes de ter acesso aos documentos, e garantiu que seu cliente não fez arrecadação para Serra. A reportagem não conseguiu entrar em contato com Márcio Fortes.
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