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Manifestantes confrontam paralisação e pedem volta de PMs às ruas do Espírito Santo

Sindicato do setor volta a proibir a circulação de ônibus na capital citando violência

Manifestantes protestam contra a paralisação da PM em Vitória.
Manifestantes protestam contra a paralisação da PM em Vitória.Gabriel Lordello (EFE)

Após quatro dias de uma onda de violência no Espírito Santo, um grupo de manifestantes contrários à paralisação dos policias militares no Estado bloqueou uma das avenidas de Vitória para pedir a volta dos PMs às ruas. A manifestação ocorreu em frente ao principal quartel da PM, onde mulheres e familiares de policiais impedem a saída de viaturas como forma de forçar a paralisação desde sexta-feira.

Entoando gritos como “Queremos segurança!”, os manifestantes contrários à greve de fato da PM chegaram a colocar fogo em alguns pneus e também bloquearam o trânsito na avenida Maruípe. Outras cidades como Guarapari e Cachoeiro de Itapemirim, também registraram manifestações de moradores pedindo a volta dos policiais às ruas, segundo o site G1.

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No palco principal do conflito em Vitória, primeiramente houve uma tentativa de diálogo entre os dois grupos, mas eles acabaram se enfrentando, sendo necessária a atuação dos agentes do Exército para acabar com o tumulto. Diversas vezes, os militares usaram spray de pimenta para dispersar os manifestantes. Um dos momentos mais tensos aconteceu quando uma viatura da Polícia Civil tentou abrir caminho no trânsito e, para isso, deu dois tiros para cima. Do quartel militar, vários policiais assistiam a todo o tumulto do lado de fora.

“O que queremos é a cidade volte a estar segura. Isso é um caos. Estão entrando nas casas, as lojas estão fechadas com medo de assaltos. Eu mesmo não estou podendo trabalhar”, reclamava a padeira Simone Vidal, de 45 anos. Victoria, estudante de Ciências Sociais, também participava do protesto já que não acha que a estratégia utilizada pelos familiares dos policiais militares seja correta. “Eu acho que as reivindicações são muito justas, mas a forma para conseguir um salário melhor não é colocando toda a população em risco. Eu moro na favela, estou acostumada com a violência, mas agora está exagerado”, disse.

Do outro lado da rua, uma das familiares de um PM, que preferiu não se identificar, lamentava o conflito. Segundo ela, na verdade, os dois lados deveriam se unir e pedir uma ação urgente do Governo estadual. “A cidade está um caos e o governador parece que não quer dialogar. Em uma ata de negociação que ele propôs, o secretário Secretário de Segurança [André Garcia] sugeriu uma reunião para a sexta-feira. Essa reunião deveria ser marcada para ontem”, disse. Um militar aposentado que acompanhava o confronto também criticou o Governo e ressaltou que a situação na segurança pública do Estado era uma tragédia anunciada há anos. “O Governo começou a cortar promoções, parou de reajustar o salário e simplesmente parou de dialogar. O que eles queriam?” Além de militares aposentados, policiais à paisana estavam presentes no ato.

Na tarde de terça-feira, um grupo de mulheres dos policiais militares  se reuniram com o presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) e deputados durante algumas horas para buscar um acordo,  mas não recuaram e afirmaram que continuariam a manifestação.

Mais um dia sem circulação de ônibus

Desde sexta, mulheres de parentes policiais fazem manifestações em frente aos batalhões da corporação. O movimento reivindica reajuste salarial dos policiais —que não acontece há anos— e o pagamento de auxílio-alimentação, periculosidade, insalubridade e adicional noturno. Segundo a Associação de Cabos e Soldados da PM e Bombeiro Militar do Estado (ACS), o salário base de um policial no Espírito Santo é de 2.600 reais, enquanto a média nacional chega a 4.000 reais. Nenhum policial militar participa do protesto, já que são proibidos pelo Código Penal Militar de fazer greves ou paralisações, mas eles têm respeitado a decisão de não sair às ruas impostas pelas mulheres e manifestantes.

A paralisação acabou, no entanto, desencadeando uma onda de violência no Estado e insegurança na população. Nos últimos quatros dias, o Estado registrou mais de 70 assassinatos e dezenas de arrombamentos. Nesta terça-feira, cerca de 200 integrantes da Força Nacional começam a atuar no patrulhamento da Grande Vitória. Escolas, postos de saúde e parte do comércio estão fechados desde segunda-feira.

Os ônibus voltaram a circular nesta terça-feira, mas houve registro de violência. Por isso, o sindicato dos Rodoviários do Espírito Santo (Sindirodoviários) voltou a proibir a circulação dos coletivos devido a ataques que ocorreram contra as frotas e rodoviário. "Não terá ônibus nenhum no dia 08/02/2017! Prefiro pagar um preço por minha atitude do que chorar por um rodoviário morto", disse Edson Basto, presidente do sindicato, em nota à imprensa. Segundo o mesmo comunicado, houve assaltos aos ônibus e um motorista foi agredido quando estava a caminho do trabalho.

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