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Trump ataca agências de inteligência dos EUA: “Vivemos na Alemanha nazista?”

Presidente eleito reage à revelação de que a Rússia pode ter informações para chantageá-lo

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, durante sua primeira entrevista coletiva, nesta quarta-feira.
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, durante sua primeira entrevista coletiva, nesta quarta-feira. Evan Vucci (AP)
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O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que “as agências de inteligência nunca deveriam ter permitido que estas ‘notícias falsas’ fossem vazadas para o público”, em referência à revelação, divulgada na véspera pela imprensa, de que a Rússia poderia estar de posse de informações comprometedoras sobre o magnata republicano.

“Um último disparo contra mim”, escreveu Trump no começo da manhã (hora local). “Vivemos na Alemanha nazista?”, perguntou. Nos últimos dias, o presidente eleito vem questionando as agências de inteligência, que na sexta-feira lhe apresentaram um dossiê com as provas que levaram o atual Governo dos EUA a acusar a Rússia de promover uma campanha de ataques cibernéticos para tentar influenciar as eleições presidenciais norte-americanas.

Como parte desse relatório, segundo anteciparam vários veículos de comunicação norte-americanos na terça-feira, entre eles a rede CNN e o BuzzFeed, Trump recebeu um documento sobre provas ainda não verificadas de que Moscou contaria com informações pessoais e financeiras que poderiam comprometê-lo. “A Rússia acaba de dizer que o relatório não confirmado e pago por políticos contrários a mim é UMA INVENÇÃO TOTAL E ABSOLUTA, UM AUTÊNTICO ABSURDO. É muito injusto!”, escreveu Trump.

O Kremlin, por intermédio do seu porta-voz, Dmitri Peskov, desmentiu categoricamente as informações divulgadas pela imprensa dos EUA. “É absolutamente falso”, afirmou Peskov, acrescentando que se trata de informação fabricada por quem deseja “prejudicar as relações” da Rússia com a nova Administração norte-americana, que toma no próximo dia 20.

Moscou considera que há uma “histeria” antirrussa nos Estados Unidos, e que essa campanha para envenenar ainda mais as relações bilaterais é promovida por “pessoas que estão alimentando esse frenesi, fazendo de tudo para manter esta caça às bruxas”. Trump, recordou Peskov, “definiu essa mentira como a continuação da caça de bruxas”. O porta-voz qualificou como “pulp fiction” (ficção barata) o relatório de 35 páginas sobre as supostas informações em poder de Moscou.

O objetivo do ainda presidente Barack Obama é, segundo o porta-voz do presidente Vladimir Putin, fazer com que “que as relações bilaterais continuem se degradando, para que assim ninguém possa refletir se isso corresponde ou não aos interesses dos dois países e da comunidade internacional”.

Em uma terceira mensagem, o presidente eleito acrescentou que a Rússia “nunca tentou me influenciar”, em resposta ao temor de que o governo de Moscou poderia usar as supostas informações comprometedoras para chantageá-lo. “NÃO TENHO NADA A VER COM A RÚSSIA – NEM CONTRATOS, NEM EMPRÉSTIMOS, NEM NADA!"

Trump, que se dirigiu aos cidadãos através do Twitter apenas algumas horas antes da entrevista que ele concedeu logo depois, na qual se negou a responder às perguntas de um repórter da CNN. Na mensagem, o magnata republicano acrescentou que venceu nas eleições “facilmente” e que sua vitória demonstrou a existência de um “movimento”. Acrescentou que seus adversários “tentam ridicularizar nosso triunfo com NOTÍCIAS FALSAS”. “Que triste!”, acrescentou.

Até agora, Moscou também nega tanto o conteúdo do relatório norte-americano quanto sua responsabilidade pelo ataque cibernético contra o Conselho Nacional Democrata, realizado durante a campanha eleitoral norte-americana do ano passado com o objetivo de prejudicar a candidata Hillary Clinton e ajudar Trump. Peskov disse que era preciso “reagir a tudo isso com um pouco de humor”.

O que está claro é que até agora a Rússia não deseja fazer nada que possa criar problemas para a nova Administração, o que explica por que Putin, para a surpresa de muitos observadores e políticos, optou por não reagir à expulsão de 35 de seus diplomatas dos Estados Unidos ordenada por Obama no final de dezembro. Ele advertiu, porém, que Moscou se reservava o direito a responder às outras sanções que tramitam no Congresso.

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