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Estados Unidos impõem sanções à Rússia por ciberataques durante as eleições

Obama expulsa 35 funcionários e fecha duas entidades de propriedade do Governo russo

Amanda Mars
O presidente russo, Vladímir Putin, na terça-feira no Kremlin.
O presidente russo, Vladímir Putin, na terça-feira no Kremlin.NATALIA KOLESNIKOVA/ POOL (EFE)

Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira sanções contra a Rússia, cujo Governo acusa de ter interferido nas eleições presidenciais, orquestrando ciberataques que prejudicaram a campanha da democrata Hillary Clinton e, segundo a CIA, visavam favorecer Donald Trump. Elas ilustram a mudança brusca de ciclo que atravessa a primeira potência mundial. Enquanto o presidente eleito demonstra uma inusitada proximidade com a Rússia, o atual, Barack Obama, deixa em seu epílogo ações contra o velho inimigo do país.

O Governo norte-americano impôs sanções a cinco entidades e quatro pessoas pela ciberespionagem, revelou suas identidades e ordenou também a saída do país — no prazo de 72 horas — de 35 diplomatas da Embaixada russa em Washington e do Consulado de Los Angeles. Decidiu também fechar de imediato dois locais de propriedade do Governo russo em Nova York e Maryland. Será proibido seu acesso a essas instalações na sexta-feira ao meio-dia.

Em seu comunicado, Obama denuncia um “assédio inaceitável” a funcionários norte-americanos em Moscou por parte da polícia russa e dos serviços de inteligência russos, bem como por uma série de ciberataques pelos quais, adverte, “todos os americanos deveriam se alarmar”. O presidente articulou as sanções por meio de uma ordem executiva aprovada em abril de 2015 que deu poderes ao presidente para responder às ações de ciberespionagem que coloquem em risco infraestruturas críticas ou informação com fins econômicos, entre outros. Agora incorporou uma emenda pela qual também pode aplicar a citada ordem 13964 quando hackers tentem “interferir ou prejudicar instituições ou processos eleitorais”.

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Os e-mails roubados da equipe de Clinton, divulgados pelo Wikileaks revelaram que a direção do Partido Democrata favoreceu Clinton em relação ao seu rival, Bernie Sanders, durante as primárias, o que levou à renúncia da presidenta da formação. Outras mensagens, de menor repercussão, destacavam algumas contradições internas ou a proximidade da candidata com Wall Street, um dos seus pontos fracos para conquistar o voto dos eleitores mais progressistas.

Concretamente, as sanções afetam duas agências de inteligência russas (o Diretório Principal de Inteligência e o Serviço de Segurança Federal) e três empresas (o Centro Especial de Tecnologia, a Zorsecirity e a Associação Profissional de Design de Processos de Dados) que, segundo os Estados Unidos, forneceram apoio material para o ataque cibernético. Também apontou quatro agentes do Diretório.

Os Estados Unidos começaram a apontar a Rússia como responsável pela pirataria no início de outubro num comunicado da Direção Nacional de Inteligência que inclui as 17 agências de espionagem dos EUA e do Departamento de Segurança Interna. Faltava um mês para as eleições e Obama se recusou a falar de medidas de resposta, mas em dezembro se soube que a CIA acusava a Rússia de não só estar por trás dos ataques cibernéticos como também de tê-los levado a cabo com o objetivo de favorecer Trump na corrida para a Casa Branca.

Este questiona tais conclusões e se manifestou contra as sanções. Na época, quando vazaram os primeiros e-mails da campanha de Clinton, o então candidato republicano deixou estupefata grande parte do país ao incentivar jocosamente a Rússia a espionar a candidata democrata. Na quinta-feira, um porta-voz da equipe de transição insistiu numa ligação telefônica que o Governo, se as possui, deveria tornar públicas as provas de que alguém interferiu na eleição. “Deveríamos seguir adiante com nossas vidas”, dissera Trump na quarta-feira aos jornalistas que o perguntaram sobre o assunto.

Esse episódio e as divergências sobre o conflito israelense — em virtude da última votação na ONU — romperam o clima pacífico em que estava ocorrendo a transferência de poder entre Obama e Trump.

Durante a manhã, fontes da Administração citadas pela agência Reuters sob condição de anonimato disseram que se queria evitar uma escalada de ciberataques entre os dois países e, por isso, descartavam medidas como o roubo de comunicações pela Internet ou qualquer outra medida que excedesse a pirataria da qual estão acusando a Rússia.

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