_
_
_
_

Trump volta a questionar a autoria russa dos ciberataques

Presidente eleito afirma saber “coisas que outros não sabem”, mas não dá detalhes

Silvia Ayuso
O presidente eleito, Donald Trump, com a esposa em Flórida, no último dia 31.
O presidente eleito, Donald Trump, com a esposa em Flórida, no último dia 31.DON EMMERT

Ano novo, velhas dúvidas. O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, começou 2017 questionando novamente as acusações da Casa Branca sobre a autoria russa dos ciberataques durante as eleições, algo que já havia chamado de “ridículo” apesar de se basearem em relatórios das agências de segurança e inteligência. Pouco antes da comemoração do Ano Novo começar na Flórida, Trump também disse que possui informações privilegiadas sobre o assunto que revelará ao longo da semana. Enquanto isso, no domingo, os 35 diplomatas russos expulsos por ciberespionagem abandonaram o país.

Mais informações
Estados Unidos impõem sanções à Rússia por ciberataques durante as eleições
Choque entre Trump e Obama sobre Israel tensiona a transição presidencial
Trump transforma política externa dos EUA na velocidade de um ‘tuíte’
Aproximação de Moscou ganha terreno no Leste Europeu

Com roupa de gala para a festa de fim de ano – particular, de acordo com a imprensa norte-americana – que organizou em seu luxuoso resort Mar-a-Lago, em Palm Beach, Trump falou à meia-noite de sábado brevemente com a imprensa, a quem voltou a reiterar suas dúvidas sobre a autoria russa dos ciberataques que o Governo de Obama afirma terem a assinatura de Moscou e fez uma advertência aos serviços de inteligência que sustentam as acusações oficiais.

“Quero que eles estejam seguros sobre isso, porque é uma acusação muito grave e quero que eles estejam seguros” disse Trump, que voltou a lembrar o “desastre” provocado pelas falsas acusações de inteligência sobre armas de destruição em massa que causaram a guerra do Iraque. “Eles se enganaram, de modo que quero que eles estejam seguros”, afirmou Trump que, enigmaticamente, afirmou também possuir informações privilegiadas.

“Sei muito sobre pirataria cibernética. É algo que também é muito difícil de se provar, de modo que poderiam ser outros” os responsáveis pelos ciberataques, disse Trump, retomando um argumento que já usou em outras ocasiões para questionar as afirmações da comunidade de inteligência norte-americana sobre o fato do presidente russo, Vladimir Putin, estar por trás dos recentes ataques cibernéticos.

“Além disso, sei de coisas que as outras pessoas não sabem, portanto não podem estar seguros da situação”, acrescentou sem dar mais detalhes. Quando os jornalistas lhe perguntaram a que se referia, Trump não quis adiantar nada e se limitou a anunciar que será divulgado “terça ou quarta-feira”.

O presidente eleito menosprezou diversas vezes os relatórios de inteligência presidenciais diários que já deveria estar recebendo como próximo comandante em chefe dos Estados Unidos. Como se soube em dezembro, Trump só havia recebido até o momento um relatório presidencial por semana. Mas depois de Obama anunciar na quinta-feira as sanções contra a Rússia pelos ciberataques – a expulsão de diplomatas e o fechamento de duas residências russas de descanso as quais ligou a atividades de inteligência –, Trump anunciou sua intenção de se reunir nesta semana com “líderes da comunidade de inteligência” para receber em primeira mão informações sobre “os fatos dessa situação”.

Saída dos diplomatas russos

Mas os 35 diplomatas russos cuja expulsão “imediata” foi ordenada por Obama na quinta-feira como sanção contra Moscou pelos ciberataques partiram no domingo, ao final das 72 horas do prazo concedido para sua saída. Os funcionários, declarados “persona non grata” por Obama, abandonaram os Estados Unidos a bordo de um avião fretado especialmente para isso pelo Governo russo, que semana passada surpreendeu até mesmo Washington ao decidir não retaliar as sanções norte-americanas à espera de que Trump assuma a presidência e, eventualmente, se aproxime de Moscou, tal como prometeu.

A RECEITA DE TRUMP CONTRA A CIBERESPIONAGEM: O CORREIO TRADICIONAL

Apesar de ser um dos políticos que mais faz uso das redes sociais, especialmente o Twitter, Donald Trump diz desconfiar tanto das tecnologias que pouco usa o computador, já que “nenhum computador é seguro”. Segundo o presidente eleito, para as coisas verdadeiramente importantes, é preciso utilizar velhos métodos: a entrega em mãos.

“Isso é muito importante, se você tem algo verdadeiramente importante, escreva e faça com que seja entregue por correio, à maneira antiga, porque eu digo para vocês, nenhum computador é seguro”, declarou Trump na noite de sábado. “Eu não me importo com o que dizem, nenhum computador é seguro. Se você realmente quer que algo não seja detectado, escreva e mande pelo correio”, afirmou.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_