Empreender, um caminho para as mulheres no comando de suas vidas
Escola de Você, da jornalista Ana Paula Padrão, tem foco no autoestima e perseverança feminina. Empreendedoras multiplicam a revolução das mulheres
Há quatro anos, Ana Lúcia Fontes, idealizadora da Rede Mulher Empreendedora recebeu um email de uma associada agradecendo, pois sua participação na rede a ajudou a se separar do marido. "Fiquei sem dormir, pensando que estava causando divórcios", conta Ana Lúcia. Após ligar para a mulher, ela entendeu o que aconteceu. "Como seu pequeno negócio estava dando certo, e empreendedora conseguiu ter renda para se sustentar e sair de uma relação abusiva", conta Ana Lúcia.
Histórias de como a abertura de um pequeno negócio ajudou mulheres a mudar radicalmente a sua vida são comuns na realidade daqueles que trabalham com empreendedorismo. Na Rede, as mulheres dividem suas dificuldades em gerenciar os custos de suas empresas e as expectativas quanto ao potencial ao negócio. "E aprendemos como é importante uma mulher ajudar a outra neste processo", afirma Ana Lúcia.
A apresentadora e jornalista Ana Paula Padrão é das mulheres que decidiu entrar no "negócio" de transformar vidas através da Escola de Você, um programa educacional online e presencial que atua com o empoderamento feminino. Ser independente para poder fazer suas próprias escolhas, sempre foi um lema para Ana Paula. Mas, infelizmente, ela sabia que isto não fazia parte da realidade de muitas mulheres no Brasil. Foram anos de pesquisa até entender que o descompasso entre a formação das mulheres e as chances reais de conseguir um emprego nem sempre estava no currículo. "De acordo com pesquisa da Universidade Stanford, 65% das contratações e promoções têm como base características pessoais, como autoestima, perseverança, flexibilidade", afirma Ana Paula.
Num mundo programado para diminuir a figura feminina, a Escola de Você é um contraponto. Afinal de contas, a teoria econômica pode ser igual para homens e mulheres, mas o modo de se tornar visível e respeitado, não. "Trabalhamos com dramatizações de situações cotidianas, com base em um leque de problemas que, muitas vezes, as mulheres sequer sabem que têm", afirma a Ana Paula.
Um exemplo são os treinamentos para administração de carreira. Os cursos trabalham conceitos de como conviver no ambiente profissional, como não se sentir inferiorizada ou inferiorizar uma companheira de trabalho, como fazer valer a sua opinião sem parecer agressiva, ou não parecer humilde demais. A Escola de Você já capacitou 260.000 mulheres em todo o Brasil.
Ocupando espaços
De acordo com Ana Lúcia Fontes, da Rede, nos últimos dois anos aumentou o número de mulheres que estão empreendendo nas áreas de serviços e comércio. Muitas começam dentro de casa, apenas com uma ideia, e encontram no empreendedorismo a possibilidade de ganhar autonomia financeira. "Quando você compra de uma mulher empreendedora, não é o bônus de um executivo que você está garantindo, mas a subsistência de uma família", lembra Ana Lúcia.
Uma dessas empreendedoras é Buh D'Angelo, que, diante da dificuldade de se inserir no mercado de trabalho, criou a Infopreta, empresa de manutenção, reciclagem e venda de equipamentos eletrônicos, focada no atendimento às mulheres. Com formação técnica em eletrônica, automação industrial, manutenção, tecnologia da informação e robótica, Buh cansou da falta de oportunidade e decidiu empreender juntamente a outras profissionais negras. "As empresas de tecnologia ignoram mulheres negras, especialmente as que estão fora do padrão", lembra Buh.
Juntamente com suas sócias, Buh hoje tem grandes planos para Infopreta: expandir e oferecer cursos para capacitar outras profissionais. Alguém dúvida de que elas serão capazes?
As empreendedoras participaram do seminário “Brasileiras - Como elas estão mudando o rumo do país”, que aconteceu no dia dois de dezembro, em São Paulo. Realizado pelo EL PAÍS em parceria com o Instituto Locomotiva, o evento contou com patrocínio do Banco Santander, Camil e Boticário, e apoio da ONU Mulheres.
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