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Merkel inicia corrida eleitoral com apoio de 89,5% de seu partido

Entre correligionários, a chanceler alemã defende a proibição do uso do véu islâmico em lugares públicos

Reunião do G7, em julho.
Luis Doncel

A sensação majoritária na base do partido ficou clara num momento do congresso de Essen. Merkel falava de seus temas habituais – desafios da era digital, defesa do acordo migratório com a Turquia, equilíbrio nas contas do Estado – e, entre os delegados, ouvia-se de vez em quando alguns aplausos tímidos e rotineiros. Mas de repente ela pronunciou uma frase mágica: “Aqui é preciso mostrar a cara. Por isso, o véu integral deve ser proibido.” O pavilhão entrou em polvorosa. Foi provavelmente a maior ovação do dia.

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Ninguém esperava um castigo severo à mulher que foi tudo para a CDU nos últimos 16 anos. Os democratas-cristãos, ao contrário dos sociais-democratas, não gostam de exibir suas diferenças em público. Era evidente que Merkel não renovaria os 96,7% que obteve há dois anos, quando a onda de refugiados ainda não tinha chegado e a líder flutuava no ápice da popularidade. Mas ela podia receber um aviso. Na segunda-feira, no tradicional encontro com jornalistas antes do congresso, um importante ministro dizia esperar uma porcentagem ligeiramente acima dos 80%. O resultado foi bem melhor. Enquanto os sociais-democratas hesitam entre Sigmar Gabriel e Martin Schulz como candidato, Merkel é reeleita com porcentagens que fazem lembrar a era soviética.

Para vencer as resistências dos críticos, a diretoria da CDU subiu o tom no documento submetido a votação. Assim, uma proposta de última hora endurece as condições para deportar requerentes de asilo não aceitos. “O número de devoluções aumentará significativamente nos próximos meses”, avisa o texto. O documento também elogia o fechamento da rota dos Bálcãs, uma decisão outrora muito criticada por Merkel. Os democratas-cristãos proclamam que uma situação como a do ano passado – quando 890.000 refugiados chegaram à Alemanha – não pode se repetir em hipótese alguma. E agradam as famílias ao descartar categoricamente aumentos nos impostos para a próxima legislatura.

O texto endurecido é um sintoma de que os quase 90% de apoio a Merkel não significam que reine o entusiasmo na CDU. Pode haver, no máximo, um convencimento racional de que ninguém substituirá a chefa com sucesso assegurado. Mas os democratas-cristãos, que se orgulham de representar o centro da sociedade, têm problemas à vista. Num país tão descentralizado como a Alemanha, eles só participam de seis dos 16 estados federados. Os Verdes, por sua vez, governam em 11 länder.

O grande argumento que usarão nas eleições federais de setembro de 2017 será, por um lado, evitar uma coalizão de partidos de esquerda no Governo e, por outro, os extremistas de direita da Alternativa para a Alemanha (AfD). Merkel se apresenta, dessa forma, como o único antídoto contra os radicalismos. Diante dos problemas que ameaçam o mundo – “ 2016 não trouxe mais calma e tranquilidade; ao contrário”, disse a chanceler ao iniciar o discurso –, Merkel quer ser a âncora de estabilidade que o país necessita. Se conseguir a reeleição e permanecer durante todo o mandato, terá governado 16 anos, igualando o recorde de seu mentor, Helmut Kohl.

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