_
_
_
_
_

Messi lidera o veto da seleção argentina à imprensa

Astro anuncia a medida em resposta às acusações de que Lavezzi teria fumado maconha na concentração

Coletiva de imprensa dos jogadores da Argentina liderados por Messi.Foto: atlas

O percurso da Argentina rumo à Copa da Rússia 2018 tem problemas tanto dentro como fora do campo. A vitória na terça-feira sobre a Colômbia parecia trazer certa calma à tempestade de críticas que caiu com força sobre a equipe. No entanto, os jogadores explodiram diante da acusação de um jornalista e tomaram uma decisão que muitos consideram exagerada. Lionel Messi anunciou que os jogadores da seleção da Argentina deixarão de falar com a imprensa local em razão das críticas recebidas e porque o jornalista da Rádio Mitre, Gabriel Anello, acusou o atacante Ezequiel Lavezzi de consumir maconha na concentração antes da partida contra a Colômbia, na qual a Argentina voltou a depender da repescagem para participar do Mundial na Rússia 2018. Lavezzi já anunciou que processará o jornalista, que afirma ter provas do que disse. O radialista, além disso, voltou ao ataque e os tratou de covardes em seu programa.

"Preferimos dar as caras em vez de mandar um comunicado. Estamos aqui para lhes comunicar que tomamos a decisão de não falar mais com a imprensa”, disse Messi, tendo ao lado seus 25 companheiros, antes de sair da sala de imprensa. Os jogadores foram à sala depois de derrotar por três gols a zero a seleção da Colômbia. “Recebemos muitas acusações, muita falta de respeito e nunca dissemos nada. A acusação que fizeram ao Pocho [Lavezzi] é muito grave.”

Para a seleção argentina o dia da partida havia começado com um rumor lançado por Anello no Twitter sobre Ezequiel Lavezzi, de 31 anos. O jogador do Hebei Fortune, da China, é um dos mais criticados pela imprensa argentina por ter sido convocado para esta dupla rodada de eliminatórias apesar de não ter jogado nos últimos quatro meses por causa de uma lesão no ombro. No entanto, para Bauzza, Lavezzi “ajuda na convivência”.

"Se não dizemos nada, as pessoas acreditam que é isso mesmo, que é verdade. E preferimos cortar isto de uma vez. Lamentamos muito que isto seja assim, mas não nos resta outra opção. Sabemos bem que aqui há alguns que não estão nesse jogo de nos faltar com o respeito, que podem opinar se jogamos bem ou mal, mas meter-se na vida pessoal de alguém, e não é a primeira vez que isso acontece, não podemos permitir. É muito grave. Vão continuar nos matando, vão continuar dizendo um milhão de coisas como vêm dizendo, mas não vamos ser partícipes disso.”

O jornalista, agora também repreendido por seus colegas, não se deixa amedrontar: “Há uma covardia nos rapazes da seleção de se aterem à mensagem que eu dei. Ora, simplesmente poderiam ter dito ‘não queremos falar mais com essa pessoa’. Se o problema sou eu, que não falem mais com minha mídia e a história acaba”.

Pela tarde, quando o rumor já ocupava os portais da imprensa local, Lavezzi usou sua conta no Twitter para anunciar que tomaria “ações legais contra Gabriel Anello por suas falsas declarações contra a minha pessoa pelos graves danos que causaram a minha família e ao meu trabalho”. O tuíte que provocou o enfrentamento dizia que “Lavezzi fuma seu segundo baseado (cigarro de maconha) na concentração e o “inapresentável” é quem diz isso.... Temos a seleção e os jogadores que merecemos”.

Não é a primeira vez que acontece um episódio desse tipo na seleção nacional. Em plena França 98 os jogadores comandados por Diego Simeone decidiram cortar o diálogo com a imprensa depois de correr o rumor sobre um possível doping positivo de Juan Sebastián Verón. “Vocês estão contra mim”, disse então o treinador da Alviceleste, Alfio Basile ao jornalista Román Lucht, em 2007, um pouco cansado das críticas e um pouco ciumento pelo prestígio de Marcelo Bielsa naquela época. Outro caso lembrado é o de Diego Armando Maradona, à frente do combinado nacional, na noite em que conseguiu a classificação para a Copa da África do Sul, em 2010. “La tenés adentro” ou, em português e de uma forma menos ofensiva, "Engula essa", disse Maradorna ao repórter Toti Pasman, que aproveitou comercialmente a grosseria e editou um livro com esse título.

A próxima partida da Argentina será em 23 de março, quando a seleção de Bauza receberá o Chile. O Brasil lidera a classificação para a Copa da Rússia 2018, com 27 pontos, vindo a seguir o Uruguai (23), Equador e Chile (20). A Argentina é a quinta colocada, com 19 pontos, o que a obrigaria a ir para a repescagem.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_