Furacão Matthew deixa quase 900 mortos no Haiti e mergulha país no caos
Autoridades da ilha caribenha afirmam que a situação é “catastrófica”
Os efeitos do Matthew não param e continuam aumentando em um dos países mais pobres do planeta, que já sofreu um terremoto devastador em 2010. O balanço, ainda provisório, de mortos na área sul do Haiti após a passagem do furacão continua subindo e passou, na quinta-feira, de 140 para 283, de acordo com relatórios recentes do Governo. Uma estimativa da agência Reuters eleva para 877, citando fontes de ajuda humanitária. Muitas das vítimas, de acordo com estas fontes, morreram quando árvores caíram sobre elas, pelo colapso de casas e nas inundações provocadas por ventos de mais de 230 quilômetros por hora.
O saldo, oficial mas ainda parcial, poderia continuar a subir nas próximas horas, já que ainda não foram publicados números de outras áreas de difícil acesso. O chefe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) no Haiti, Enzo di Taranto, confirmou que a região sul foi a mais afetada. Taranto explicou ainda que, se “o tempo permitir”, a agência vai realizar uma avaliação de campo para estabelecer dois centros de operação de coordenação com a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), em Les Cayes e Jeremie, a cidade mais afetada. “Nunca vi nada parecido com isso”, disse à agência Efe Louis Paul Raphael, representante do Governo na cidade costeira de Roche-a-Bateau, no Departamento Sul, uma das áreas mais devastadas pelo furacão.
A Organização Pan-Americana da Saúde alertou sobre um possível surgimento de cólera depois do furacão. Este ano, antes do desastre do Matthew, já tinham sido registrados 28.500 casos desta infecção intestinal com risco mortal.
A ilha caribenha é até agora o país mais afetado pela tempestade que recuperou a categoria quatro. Cerca de 30.000 pessoas estão em abrigos improvisados em 12 municípios da região, diz a agência haitiana de notícias AlterPresse, e cerca de 10.000 estão sem abrigo.
Desde terça-feira, o poderoso ciclone atingiu o empobrecido e golpeado país causando danos extensos. O presidente interino do Haiti, Jocelerme Privert, qualificou a situação como “catastrófica”, garantindo que vão precisar de ajuda internacional para enfrentar possíveis emergências de saúde que podem surgir como resultado do furacão.
Durante a passagem do Matthew pelo Haiti, mais de 28.000 casas foram afetadas, mas o número poderá subir quando for possível chegar a todas as áreas e fazer uma avaliação completa dos danos. Segundo as Nações Unidas, o furacão Matthew já é responsável pela maior crise humanitária no Haiti desde o terremoto de 2010.
A ajuda internacional começa a chegar. Os Estados Unidos anunciaram o envio de um milhão de dólares em assistência para as comunidades afetadas. A União Europeia (UE) também se juntou ao apoio e informou que vai destinar 255.000 euros em “ajuda humanitária inicial” e está mobilizando ofertas de países europeus para ajudar o país através do mecanismo de proteção civil da UE, de acordo com a agência Efe.
Os danos causados pelo Matthew ainda não foram quantificados por causa das inundações e o colapso da ponte principal da cidade de Grand Goave, que faz a conexão com a capital do Haiti, Porto Príncipe. As equipes de resgate estão presas em muitas áreas.
Na vizinha República Dominicana, outras quatro pessoas morreram por causa do Matthew. Em Cuba ele também deixou grandes danos, mas apenas materiais. A passagem violenta do Matthew na noite de terça-feira deixou um rastro de deslizamentos de terra e inundações em lugares como Baracoa, Maisí e Imías, que hoje permaneciam sem sinal de telefone nem energia elétrica e com as estradas de acesso ainda bloqueadas e pontes destruídas. O flagelo do Matthews, o maior furacão formado no Caribe nos últimos nove anos, causou penetrações do mar e deslizamentos de terra e rochas em longos trechos de estradas que levam a esses municípios por isso a ajuda, até o momento, só está chegando por via aérea.
A cidade cubana de Baracoa, onde o furacão foi especialmente destrutivo, ficou em ruínas. Foram contadas pelo menos 749 casas atingidas pelas inundações e mais de 35.000 pessoas evacuadas. Segundo a Efe, na quinta-feira voltava o movimento nas ruas de Baracoa, dois dias após o furacão. As famílias iniciavam as tarefas de limpeza de suas casas e tentavam recuperar seus pertences entre os escombros e o barro.
No total, as autoridades cubanas retiraram mais de 1,3 milhão de pessoas em toda a metade oriental da ilha antes da passagem do Matthews, realocados em abrigos, edifícios públicos ou casas de família mais seguras, uma medida preventiva que evitou vítimas fatais. O jornal estatal Granma noticiou na quinta-feira a retomada das saídas de ônibus, trens e voos, mas afirmou que não é possível chegar às cidades mais afetadas por terra.
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