ONU suspende envio de ajuda à Síria após ataque a comboio humanitário
Cruz Vermelha confirma que um dos seus representantes morreu no bombardeio de segunda-feira

A ONU anunciou nesta terça-feira que todas as operações humanitárias na Síria foram suspensas depois do ataque contra um comboio humanitário na região de Aleppo. A Cruz Vermelha confirmou que um de seus representantes estava entre as 12 pessoas que morreram no bombardeio e decidiu adiar a distribuição de ajuda em meio à guerra do país enquanto avalia as condições de segurança, embora continue a enviar material ao país. Após sete dias de trégua, marcados por constantes acusações de violação do cessar-fogo e falta de garantias ao envio de ajuda à população sitiada, os ataques foram retomados na segunda-feira, quando atingiram um comboio humanitário.
“Até agora não temos uma visão global do que aconteceu, mas foi tomada a decisão de que todas as operações humanitárias de comboios sobre o terreno estão suspensas por enquanto”, disse a jornalistas um porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA). Nesta segunda-feira, pelo menos 18 dos 31 caminhões fretados pela própria ONU e pelo Crescente Vermelho haviam recebido impactos diretos ao transportarem ajuda para 78.000 pessoas que estão desassistidas desde julho.
A ONU disse que o ataque em Aleppo poderia caracterizar um crime de guerra, já que o comboio tinha o aval das autoridades para cruzar o território e distribuir a assistência humanitária. Todas as partes beligerantes haviam sido informadas de sua trajetória, e os veículos estavam claramente marcados como humanitários, salientou a instituição internacional.
Entre os mortos do ataque da segunda-feira está o diretor do Crescente Vermelho em Aleppo, Omar Barakat, segundo confirmou a organização. “A equipe está abalada. Omar ficou gravemente ferido, e a equipe de resgate levou duas horas para chegar até ele. Quando foi retirado, não pôde sobreviver aos ferimentos”, informou o diretor da organização para o Oriente Médio e o Norte da África, Robert Mardini.

A Cruz Vermelha decidiu interromper temporariamente a entrega humanitária programada para três localidades bloqueadas pelas forças governamentais junto à fronteira libanesa, disse Mardini à Reuters em Genebra. Em Damasco, uma porta-voz da mesma organização afirmou à Efe que, apesar dos atrasos nos comboios, a Cruz Vermelha manterá suas operações humanitárias.
Outro comboio enviado a Talbiseh, na província de Homs, fez nesta segunda-feira a sua primeira entrega desde julho, atendendo a mais de 80.000 pessoas. A equipe precisou passar a noite na cidade devido aos intensos confrontos. “É difícil ler o entorno nas próximas horas, porque há uma mistura de intensificação dos combates e politização da ajuda humanitária”, lamentou Mardini.
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