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Síria dispara mísseis contra avião de combate israelense

Damasco afirma ter derrubado o aparelho, mas Exército de Israel nega

Juan Carlos Sanz
Soldados israelenses nas colinas do Golã, no começo de setembro.
Soldados israelenses nas colinas do Golã, no começo de setembro.JALAA MAREY (AFP)

Num incidente de difícil verificação, que coincide com o primeiro dia da trégua na Síria, o comando militar do regime de Damasco anunciou nesta terça-feira que derrubou com mísseis terrestres, no começo da madrugada, um avião de combate e um drone israelenses sobre seu espaço aéreo. O Exército de Israel negou ter perdido os aparelhos, que participavam de uma missão de represália pelo disparo de projéteis a partir da Síria na direção das colinas do Golã, território sírio ocupado e anexado por Israel depois da guerra de 1967.

O Exército sírio afirmou ter rechaçado um ataque contra uma de suas posições militares na província de Quneitra (sudoeste), fronteiriça com o Golã, onde teria sido abatido o caça israelense, e que um aparelho de observação não tripulado havia sido derrubado na região de Sasa, província de Damasco, segundo a agência estatal de notícias SANA.

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Nas últimas duas semanas, Israel fez quatro ataques a alvos na Síria em resposta ao disparo de morteiros e outras armas contra o Golã. A tropa rebelde síria Frente da Conquista (ex-Frente Nusra, filial da Al Qaeda) e as forças governamentais travam atualmente uma batalha pelo controle da província de Quneitra. O Exército israelense admite que os impactos no território sob seu controle não são intencionais, mas responsabiliza o Governo de Damasco por todas as ações armadas procedentes da Síria.

O deputado israelense Akram Hasom, de origem drusa (minoria religiosa que vive em Israel, Líbano e Síria), acusou as Forças de Defesa de Israel de colaborarem com os jihadistas da Frente da Conquista que estão atacando populações drusas próximas ao Golã. Em uma entrevista televisiva citada pela agência Efe, Hasom afirmou que “não é nenhum segredo que o Exército se coordena com eles [jihadistas]”.

Desde 2013, os hospitais de Israel atenderam 2.000 sírios feridos no conflito. Fontes militares afirmam que apenas 20% deles são homens em idade de combater. O Estado-Maior ordenou que não seja prestado atendimento médico a jihadistas, mas, numa visita feita pelo EL PAÍS ao hospital de Nahariya, no norte do Israel, a maior parte dos sírios internados era de homens com 20 a 40 anos, atingidos por tiros ou estilhaços.

Em junho de 2015, depois de uma ofensiva jihadista contra os povoados drusos do sul da Síria, leais ao regime de Bashar al Assad, um grupo de drusos do Golã atacou uma ambulância militar israelense que retirava dois supostos combatentes feridos da Frente al Nusra, matando um deles.

A maior parte da planície de Quneitra, situada aos pés das colinas do Golã, está sob controle do Exército da Conquista, uma coalizão de tropas rebeldes encabeçada pela antiga Frente al Nusra. Seus combatentes dominam a área da antiga Quneitra, uma cidade abandonada por Damasco em uma zona-tampão patrulhada por 2.000 capacetes azuis da ONU. O Exército regular se mantém na nova Quneitra, construída ao pé do monte Hermon, ao norte, de onde opera a guerrilha xiita Hezbollah. Na zona sul do Golã, perto da fronteira com a Jordânia, encontra-se o feudo da Brigada dos Mártires de Yarmuk, uma força jihadista sem combatentes estrangeiros, que se filiou ao Estado Islâmico em 2014.

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