Paulo Bauer: “Atos contra Temer não têm mesma dimensão dos protestos contra Dilma”
O senador Paulo Bauer avalia que manifestações ainda são isoladas e não devem crescer

Novo líder do PSDB no Senado, o catarinense Paulo Bauer avalia que protestos contra a gestão Michel Temer (PMDB) ainda são isolados. Para ele, a partir do momento que a gestão começar a mostrar resultados, as manifestações diminuirão.
Pergunta. Qual a sua avaliação sobre os protestos contra o Governo do presidente Michel Temer?
Resposta. O Brasil tem, na sua política, uma condição de ampla liberdade de manifestação. Seja ela por partidos políticos, parlamentares, entidades não governamentais e pelas pessoas. Temos um sistema democrático absolutamente consolidado e instituições fortes também. O processo de impeachment demonstrou isso. As manifestações devem ser compreendidas como resultado natural de um processo de impeachment que se desenvolveu e com o qual nem todos concordaram. É natural que na sociedade, assim como foi no Senado, que algumas pessoas tenham restrição ao impeachment e ao novo Governo. Considero essas manifestações isoladas, em cerca de 15 ou 20 cidades, não teve até agora a mesma importância em dimensão nacional como tivemos nos últimos dois anos contra o Governo da presidente Dilma. Naquela ocasião, milhões de brasileiros estiveram nas ruas pedindo mudança. Aquela, sim, era uma manifestação consistente que merecia atenção e tinha de produzir uma consequência como de fato produziu.
P. De alguma maneira, se esses protestos crescerem, eles causarão algum desconforto para o Governo Temer?
R. Tenho a expectativa de que eles não crescerão. Não porque a gente não queira ou porque alguém vá fazer algo para evitá-los. Acredito que eles não crescerão na medida que o Governo apresente dados e dê providências que estejam sintonizados com o que pensa a maioria da população. No meu ponto de vista, não devemos discutir agora questões ideológicas ou eleitorais. Como disse o presidente Temer, estamos no momento de unir o país para que todos consigamos dar solução aos problemas que temos hoje, de déficit fiscal extraordinário, inflação elevada, desemprego extraordinário. Assim que essas questões forem enfrentadas, as manifestações tendem a ser menos expressivas.
P. Durante a votação do impeachment o seu partido demonstrou um desconforto com relação ao fatiamento da votação e a manutenção dos direitos políticos de Dilma Rousseff. Alguns colegas do senhor disseram que isso geraria uma rediscussão do apoio ao Governo Temer. Como está essa questão agora?
R. O meu partido não só mostrou desconforto, como protocolou [recurso] no Supremo Tribunal Federal questionando a legalidade da manutenção dos direitos políticos. Não estamos apenas no discurso, estamos na atitude. E ela foi seguida por outros partidos, inclusive o PMDB, que subscreveu o pedido. Não temos de falar de desconforto, mas da necessidade, da expectativa de temos de uma decisão do Judiciário que, se possível, anule a segunda votação e prevaleça a primeira que prevê o que está na Constituição Federal [a perda dos direitos políticos do presidente que sofreu impeachment].
P. De alguma maneira isso abala a relação com o partido do presidente Temer, o PMDB?
R. Não abala porque nós, do PSDB, temos a capacidade de entender que cada situação e cada momento precisa ser considerado como tal. Hoje a nossa responsabilidade maior é trabalhar pela solução dos problemas do país. Pela criação de condições de governabilidade. Pela ação firme e forte contra a corrupção. Pela ação político-parlamentar consistente dando ao presidente uma força e uma base política não subserviente, mas absolutamente consistente para que no diálogo a gente possa produzir bons resultados para o país.
P. Um dos embates que haverá no plenário do Senado será o reajuste salarial dos ministros do STF. O PSDB é contra esse aumento?
R. Não. O PSDB não tem nenhuma posição contrária ao reajuste. Entendemos que funcionários do Judiciário, do Executivo, das Forças Armadas têm pleitos salariais absolutamente justos que devem ser analisados e considerados. O que temos hoje de posição contrária é contra a urgência na análise da matéria. Não podemos acelerar a análise e a votação de matéria de forma isolada. É preciso que conheçamos o conjunto de propostas que o Governo está apresentando para podermos analisar detalhadamente e votarmos com absoluta segurança. Quando se vota a favor de reajustar salário de membros do Judiciário, gera um efeito cascata que chega até os Estados. E vários Estados já estão com o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal superados. Como as despesas do Judiciário estão inseridas nessa conta, obviamente diversos governadores estão preocupados com esse aumento dos ministros e temem infringir a lei. É preciso considerar hoje a situação da federação e não de uma categoria de servidores.
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