Trilha sonora contra a crise de abstinência pela Rio 2016
EL PAÍS escolhe músicas para os momentos chaves dos Jogos Olímpicos

Teve velhos nomes se despedindo, teve novos rostos fazendo história. Teve choque cultural e quase incidentes diplomáticos. Teve muito Silva ganhando medalha, e muito Silva passando sufoco no Rio de Janeiro olímpico. O choro foi livre nos Jogos, inclusive o choro de tanto rir. Como nada expressa melhor a pluralidade do brasileiro como a nossa música, transformamos os grandes momentos da Olimpíada em trilha sonora:
Soy loco por ti, América. A Rio 2016 não é importante apenas para os brasileiros. Esses foram os primeiros Jogos Olímpicos realizados na América do Sul.
Garota de Ipanema. A música brasileira mais conhecida no mundo foi executada mais de 40.000 vezes no Spotify após a abertura dos Jogos, quando a gaúcha Gisele Bündchen deu corpo à personagem da canção-clichê deslizando pelo Maracanã enfiada em um Alexandre Herchcovitch sob o olhar de 3 bilhões de pessoas.
Rap do Silva. Eram só mais uns Silva, mas ao contrário da letra de MC Bob Rum, a estrela deles brilhou - inclusive no lugar mais alto do pódio olímpico. Dos 19 medalhistas, vários levam o sobrenome mais popular do Brasil: as judocas Rafaela Silva e Mayra Aguiar e o saltador Thiago Braz, além dos integrantes da seleção de futebol Neymar Jr, o volante Walace e o goleiro Weverton.
Volta por cima. Depois de cair de bunda e de cara, caiu de pé. Essas palavras não são da autora deste texto, e sim de Diego Hypólito sobre ele mesmo. Na sua versão particular da jornada do heroi, o ginasta engoliu as críticas pouco cuidadosas ao seu desempenho e enfrentou o fantasma do fracasso nas edições Londres 2012 e Pequim 2008 para, finalmente, ser consagrado com uma medalha olímpica. E em casa.
I saw you saying that you say that you saw. O brasileiro é conhecido (ou, pelo menos, se autointitula) hospitaleiro, mas nessa Olimpíada nem todo mundo quis ser cordial com os gringos. Uma dos memes mais populares foi "Agora em Botafogo", em referência a um post publicado no Facebook por uma moradora do Rio de Janeiro que se recusou a falar em inglês com um turista estrangeiro que pedia ajuda para encontrar a estação de metrô.
Bat macumba. Tudo não passou de uma confusão envolvendo a tradução da reportagem do jornal Le Monde sobre a derrota do francês Renaud Lavillenie no salto com vara para o brasileiro Thiago Braz. Mas serviu para piorar ainda mais a relação do saltador com boa parte da torcida brasileira. O técnico do atleta afirmou que o Brasil "é um país bizarro", e o autor da reportagem fez uma referência ao candomblé, dando margem para interpretação de que a vitória brasileira seria consequência dos rituais africanos.
Meninos e meninas. A Rio 2016 foi a edição dos Jogos com o maior número de atletas declaradamente gays: no total, 43 pessoas. Entre eles, medalhistas como a judoca medalha de ouro Rafaela Silva. "Há que se aplaudir a todos os que vivem sua sexualidade livremente", diz Matthew Rettenmund, autor do livro Boy Culture, ao comentar a importância da visibilidade a pessoas LGBT.
Rap da Felicidade. Este hino da segregação social no Rio de Janeiro se mantém atual mais do que nunca - ou como sempre. A violência e os problemas de transporte público não deram trégua durante os Jogos, ao contrário, arranharam a bolha do evento.
Ralando o Tchan. É claro que o brasileiro não ia perder a piada da mistura do Brasil com o Egito. A torcida brasileira rende um capítulo à parte, mas um dos grandes momentos do humor brasileiro foi quando a dupla feminina do Egito disputou o vôlei de praia ao som de Dança do Ventre, do É o Tchan.
Lourinha Bombril. Índia com sotaque do Sul, italiana cozinhando feijão. Uma canção em homenagem à miscigenação brasileira.
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