Macri usará carro blindado depois de pedradas em ato público
O Governo argentino relaciona os ataques com "um setor do kirchnerismo"
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, usará uma van blindada para seus deslocamentos. A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, afirmou que “há um grupo ligado à ex-presidenta (Cristina Fernández de Kirchner)” que segue Macri “para que não possa fazer atos” públicos. O incidente mais notável aconteceu na sexta-feira, 12 agosto, em Mar del Plata (situada a 400 quilômetros a sudoeste de Buenos Aires), onde o presidente recebeu insultos e pedradas quando saía de um evento com a governadora da província, María Eugenia Vidal. A ministra negou que a decisão de adotar um automóvel blindado para o presidente esteja diretamente relacionada a esse evento. No entanto, algumas horas depois do incidente, Bullrich negou que se tratava de um fato isolado e anunciou que seu ministério cuidará de Macri “com tudo o que tiver para cuidar dele”.
“Qual é a leitura política? Aqui existe um grupo ligado ao kirchnerismo, não todo o kirchnerismo, mas um grupo ligado à ex-presidenta –que tem uma posição radical todos os dias– que substitui a linguagem da democracia –que é a do diálogo, da assembleia ou da crítica– pelas pedradas, pela agressão, pela tentativa que em cada lugar que o presidente vá tenha um grupo organizado que o segue para que ele não possa fazer o ato (...). Macri não tinha veículo blindado, mas agora terá. Não tinha uma van, mas foi obrigado a tê-la”, acrescentou Bullrich.
Na sexta-feira, um grupo de manifestantes insultou o presidente durante uma cerimônia realizada em um bairro periférico de Mar del Plata e apedrejou seu carro quando deixava o local. O refrão “Macri, lixo, você é a ditadura” se sobrepôs, em alguns momentos, ao discurso presidencial. “O caminho não é a agressão”, disse Macri, “usemos a energia para construir”. O ato, ao qual também assistiam partidários do presidente, foi finalmente cancelado apenas cinco minutos depois de haver começado e a polícia dispersou com gases grupos de macristas e antimacristas que ameaçavam entrar em confronto violento pelo controle do lugar.
As medidas extraordinárias de segurança acompanham uma deterioração do humor social, derivada principalmente da demora na recuperação econômica que Macri prometeu a partir do segundo semestre. Os sindicatos começaram a reivindicar a reabertura de negociações para aumentos de salários, deteriorados desde janeiro por uma inflação que não cai (2% em julho, segundo dados oficiais, e 40% no período interanual de acordo com consultorias particulares) e é comum haver ruas e avenidas bloqueadas quase diariamente em Buenos Aires. O Governo teve de enfrentar também casos de ameaças pontuais contra Macri por meio das redes sociais, o mais conhecido é o dos dois jovens que se fizeram passar por terroristas islâmicos e publicaram ameaças de morte e de atentados contra a Casa Rosada.
A nova van blindada de Macri estará pronta nos próximos dias. Bullrich insistiu que os ataques contra o presidente não são algo generalizado, mas uma estratégia do kirchnerismo mais radical para alterar a agenda pública do Governo. “Mas o presidente não vai se isolar das pessoas porque foi assim que ganhamos as eleições e é a nossa ideia de como se governa”, disse Bullrich.
Macri não será, evidentemente, o primeiro presidente a utilizar um carro blindado. O primeiro foi o militar golpista Juan Carlos Onganía, em 1966, e o presidente Juan Domingo Perón teve o seu durante sua terceira presidência, no começo dos anos 70. Mais recentemente, Fernández de Kirchner costumava usar um Audi A6 blindado, que em 2013 trocou por um Audi A8L. A Argentina, no entanto, não é um mercado em que os carros blindados sejam comuns. Cerca de 6.000 deles circulam nas grandes cidades, longe dos 2.700 que são blindados anualmente no México, de acordo com a Associação Mexicana de Blindadores de Automóveis, ou dos 12.000 contabilizados anualmente no Brasil pela Associação Brasileira de Blindagem.
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