Macri é recebido com insultos e pedras em ato oficial
Um grupo de manifestantes atacou o carro do presidente argentino em Mar del Plata
A tensão crescente nas ruas argentinas alcançou nesta sexta-feira o presidente do país, Mauricio Macri. Um grupo de manifestantes insultou o mandatário durante um evento realizado em um bairro da periferia de Mar del Plata, a 400 quilômetros ao sul de Buenos Aires, e apedrejou seu carro quando ele deixava o local, acompanhado da governadora María Eugenia Vidal e outras autoridades locais. O grito "Macri, seu lixo, você é a ditadura" abafou por algumas vezes o discurso presidencial, durante o qual o presidente disse que "o caminho é não agredir" e pediu que o povo "use a energia para construir". O evento, em que também estavam aliados seus, foi cancelado apenas cinco minutos depois.
Quando o presidente abandonava o local, vários manifestantes continuaram com os insultos e acusaram o mandatário de "matar o povo de fome". A tensão aumentou começou uma discussão entre partidários e adversários do chefe de Estado, e a polícia repreendeu vários dos presentes.
O grupo H.I.J.O.S, de familiares de desaparecidos durante a ditadura, negou veementemente sua participação nos incidentes (ao contrário do que foi noticiado em vários meios de comunicação), poucos dias depois da polêmica reaberta por Macri, quando ele disse desconhecer o número total de pessoas vítimas do terrorismo de Estado entre 1976 e 1983, referindo-se à repressão estatal como "guerra suja".
Do palanque em que estavam os políticos, era possível ver uma coluna de fumaça negra, causada pela queima de pneus em uma avenida próxima dali, de acordo com a imprensa local.
A polícia não permitiu que os manifestantes se aproximassem do evento. O grupo de esquerda Votamos Lutar denunciou, pelas redes sociais, que eles foram reprimidos com balas de borracha quando se dirigiam ao evento presidencial para protestar contra o aumento dos preços de serviços básicos. "Há alguns companheiros feridos. Eles deram tiros a alguns metros de nossos companheiros, havia mulheres com bebês", denunciou Ezequiel Francomano, pelo Facebook. "Queríamos dar voz aos mais humildes, que não podemos pagar esses preços tão altos", acrescentou.
Durante seu breve discurso no bairro de Belisario Roldán, Macri apresentou um Plano Nacional de Habitação, para urbanizar áreas em situação vulnerável. "Esta é a Argentina do futuro: trabalhar em conjunto por um país sem pobreza", acrescentou o presidente. Suas declarações se chocam com o panorama descrito pelo Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina, que na quinta-feira confirmou os dados que apontavam para o aumento da pobreza durante os primeiros meses de governo da coalizão conservadora Cambiemos. De acordo com os últimos dados divulgados pelo órgão, próximo ao Papa Francisco, 1,4 milhão de pessoas ficaram mais pobres desde que Macri assumiu o Governo, levando o número total a 13 milhões, 32,6% dos habitantes do país.
O Observatório alerta também sobre o aumento do desemprego e o sucateamento crescente do país. De acordo com o Ministério do Trabalho da Argentina, nos primeiros cinco meses do ano, 106.944 vagas de trabalho foram fechadas, e o número de trabalhadores registrados caiu de 6.242.198 em dezembro para 6.135.254 em maio.
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