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Hoje é dia de bronze, Baby

Rafael Silva, o 'Baby' repete Londres e conquista terceira medalha do judô para o Brasil

Rafael Silva vence e conquista segundo bronze olímpico de sua carreira.
Rafael Silva vence e conquista segundo bronze olímpico de sua carreira.MURAD SEZER (REUTERS)

Rafael Silva, o Baby, quase não disputou a Olimpíada do Rio. Uma lesão no músculo peitoral maior direito em meados de 2015 tirou o judoca do Pan de Toronto e do Mundial, e postergou até os 45 do segundo tempo sua convocação para os Jogos Olímpicos de 2016. Mas nesta sexta-feira, um ano depois de se machucar feio durante um treino, ele garantiu a terceira e última medalha do judô para o Brasil. Pela segunda vez em sua carreira (a primeira foi em Londres 2012), o atleta subiu ao pódio para receber o bronze olímpico, mais uma vez ao lado do algoz francês Teddy Riner, que horas antes tirou sua chance de conquistar a medalha de ouro em casa. Mas isso não importa: embora nunca tenha escondido o desejo de derrotar o peso-pesado invencível, Baby tinha como meta principal deixar o tatame de cabeça erguida, provando para os que questionaram sua convocação que, dando tudo de si, sairia com a "sensação de dever cumprido". Objetivo alcançado.

A convocação de Baby foi uma aposta da Confederação Brasileira de Judô na experiência do atleta, considerado "tranquilão" e focado. Mas sua escalação gerou polêmica: havia dúvidas sobre sua recuperação e muitos questionaram se o Brasil não deveria ter dado a vaga olímpica a David Moura, outro peso-pesado que vinha de uma fase melhor que o atleta natural de Rolândia, no Paraná. Ele, no entanto, nunca pôs em dúvida sua melhora. Em entrevista ao EL PAÍS dias antes de lutar, garantiu que estava pronto para encarar o tatame, após uma cirurgia e meses de fisioterapia intensiva: "Eu estou preparado pra dar o sangue lá dentro", disse, antes das lutas. Dito e feito.

Sua estreia no Rio começou com duas vitórias seguidas, uma sobre o veterano Rámon Pileta, de Honduras, e outra sobre o russo Renat Saidov. Mas nas quartas de final, encontrou ninguém menos que Teddy Riner, o número um no ranking mundial, novamente campeão olímpico, invicto há 115 lutas. Derrotado por Riner, Baby conquistou na repescagem (com uma vitória sobre o holandês Roy Meyer) o direito de disputar uma medalha. De volta ao tatame, derrotou Abdullo Tangriyev, do Uzbequistão, e corou com o bronze sua segunda participação em uma Olimpíada.

Hoje uma referência no judô nacional, Rafael Silva começou tarde no esporte, com 15 anos. Começou a treinar profissionalmente somente aos 18, em São Paulo, onde ganhou o apelido Baby, uma brincadeira com seu jeito bonzinho, apesar da cara de mau e do porte intimidador: são 160 quilos para 2,03m de altura. Aos 29 anos, o judoca-heavy-metal — fã de AC/DC e Iron Maden, que escuta religiosamente antes de encarar os adversários—, teve sua esperada redenção em casa. Ao deixar o tatame, atribuiu "a Deus e à torcida brasileira pela força" que o incentivou a não desistir de buscar a meta que tinha em mente desde o dia posterior ao que conseguiu seu primeiro bronze, em Londres. Amanhã, já deve voltar o foco a Tóquio 2020 e voltar a treinar, aliviado.

Judô dá ao Brasil três medalhas: uma a menos que em Londres

O judô brasileiro encerra assim sua participação olímpica com uma medalha a menos que em 2012: foi um ouro para Rafaela Silva (categoria peso-leve), e as medalhas de bronze de Mayra Aguiar (meio-pesado) e Rafael Silva (peso-pesado). O resultado é menor que o esperado pela Confederação, que levou 14 atletas ao Rio de Janeiro e tinha como meta melhorar o resultado em relação aos últimos Jogos.

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