As ‘gambiarras’ da Vila Olímpica

Reclamações da delegação australiana revelam instalações inacabadas

Vista geral da Vila Olímpica, na Barra da Tijuca.Buda Mendes (Getty Images)
Mais informações
Delegação da Austrália se nega a ficar hospedada na Vila Olímpica
Com drones ou veneno, os conselhos do Estado Islâmico para atacar o Rio
Metade dos brasileiros é contra os Jogos Olímpicos do Rio
O ‘annus horribilis’ para organizar uma Olimpíada
Rio 2016: a cidade olímpica vista de cima

Este domingo foi um dia agitado na Vila Olímpica, onde se hospedarão mais de 15.000 atletas durante os Jogos Olímpicos. A poucas horas da chegada da delegação australiana, voluntários e integrantes da missão decidiram fazer um teste e simularam uma situação real na qual muitas pessoas usariam as instalações ao mesmo tempo. Abriram torneiras, chuveiros e acenderam as luzes. O resultado foi um caos: houve um vazamento de gás, abriu um buraco no teto e saiu até fumaça. “Nunca vi uma Vila Olímpica nesse estado”, reconheceu a chefe da missão Kitty Chiller, que decidiu, no momento, manter os atletas em quartos de hotel. “Está inabitável”, queixou-se Chiller que, antes do teste mal sucedido, estava há dias, com sua equipe, limpando e consertando os problemas que ficaram nos apartamentos entregues pela construtora responsável. Imagens divulgadas pela imprensa local mostraram fios à mostra, pisos imundos, goteiras, baldes nos corredores, vasos sanitários entupidos...

Chiller não foi a única que teve que arregaçar as mangas. As delegações dos Estados Unidos, Itália e Holanda contrataram, com seu próprio dinheiro, várias equipes de pedreiros para melhorar os acabamentos de seus apartamentos. A delegação da Finlândia reclamou que os chuveiros não funcionam. Segundo publicou O Globo, cerca de 20% dos 3.600 apartamentos apresentavam problemas de acabamento, de goteiras ao reboco das paredes caindo aos pedaços.

Os problemas de última hora tornaram-se públicos no mesmo dia em que mais de 900 atletas começaram a habitar a Vila Olímpica, na Barra de Tijuca, a três quilômetros do Parque Olímpico. O Comitê Rio 2016 reconheceu que terá de arrumar as instalações e contratou 500 pessoas para tornar as residências decentes, enquanto acomoda temporariamente os atletas nos quartos que já estão em condições. A imagem desta segunda-feira era a de dezenas de bombeiros-hidráulicos e eletricistas fazendo fila, com as ferramentas na mão, para começar os consertos em jornadas que irão de sol a sol.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, levou a indignação dos australianos na brincadeira e, apesar de reconhecer que tinham razão, fez piada e afirmou publicamente que colocaria um canguru na porta para que se sentissem em casa. Um porta-voz da delegação respondeu: “Não precisamos de cangurus, precisamos de encanadores”.

A Vila Olímpica foi construída sem recursos públicos pelas empreiteiras Odebrecht e Carvalho Hosken para ser, depois, alugada ao Comitê Rio2016 durante os Jogos. Em troca do investimento privado, a prefeitura do Rio permitiu erguer edificações maiores do que as permitidas nessa área para serem vendidos posteriormente. São 3.604 apartamentos no total. Até o momento só foram comercializados pouco mais de 250 e a gambiarra não parece estar ajudando na promoção.

Mais informações

Arquivado Em