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Fox News negocia a saída de seu fundador, acusado de assédio sexual

Entre as vítimas está Megyn Kelly, a jornalista que enfrentou Donald Trump

A Fox News negocia a demissão de seu fundador, Roger Ailes, depois de ter sido objeto de várias denúncias de assédio sexual. Entre as vítimas está Megyn Kelly, a jornalista que enfrentou Donald Trump.

Roger Ailes, fundador e responsável pela FOX News.
Roger Ailes, fundador e responsável pela FOX News.FRED PROUSER (REUTERS)

Alguns o veem como o criador da máquina política mais influente e poderosa dos Estados Unidos. Outros como um grande agitador, embora nunca se coloquem diante das câmeras. A realidade é que as duas visões são válidas para definir Roger Ailes, o fundador da Fox News. O temido executivo está com os dias contados depois do surgimento de uma série de denúncias de assédio sexual.

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Ailes, de 76 anos, é o homem de 2,6 bilhões de dólares (cerca de 8,4 bilhões de reais). Essa enorme soma corresponde à receita que a rede de notícias controlada pela família Murdoch gera anualmente para a 21st Century Fox. Corresponde aproximadamente a um décimo do faturamento do grupo. A cifra ajuda a entender por que o executivo é uma das figuras mais importantes da indústria da mídia.

A Fox News, a grande máquina de propaganda dos conservadores, não é apenas a rede mais poderosa dos EUA, aonde chega a mais de 100 milhões de lares. É a que cresce mais rápido: 14% de aumento no faturamento anual, contra 6% da CNN ou 3% da MSNBC. Além disso, Ailes conseguiu fazer dela um negócio muito rentável, a ponto de ser responsável por um quarto do lucro do grupo de mídia da antiga News Corporation. É uma propriedade muito valiosa.

O homem Murdoch

Por isso, Roger Ailes é conhecido entre os telespectadores da Fox como o Chairman, ou presidente, o que reflete o poder que foi acumulando na empresa. Teve liberdade absoluta de Rupert Murdoch para criar a rede à sua própria imagem e semelhança. O executivo é conhecido por fazer do medo uma de suas assinaturas, o que é perfeitamente refletido no tom da rede. E é precisamente essa raiva e o enfoque virulento da atualidade informativa que atraem um público branco ressentido.

A Fox News, a grande máquina de propaganda dos conservadores, não é apenas a rede mais poderosa dos EUA: é a que cresce mais rápido

A influência de Ailes é palpável nos círculos conservadores há quatro décadas. O executivo foi assessor político de Richard Nixon, Ronald Reagan e George Bush pai. Embora tenha se distanciado do mundo da política em 1996 para criar a Fox News, a verdade é que utilizou a rede para lançar uma nova maneira de fazer campanha nos EUA e com ela colocou nas mãos dos republicanos uma plataforma para repelir os jornalistas liberais de Washington.

A Fox News, por exemplo, ajudou a alimentar dessa forma o surgimento do Tea Party, atuou como incubadora de personalidades como Sarah Palin e foi determinante para que os republicanos assumissem o controle de ambas as casas do Congresso dos EUA na última eleição. E sob o emblema da independência jornalística, carregou Donald Trump até fazer dele o candidato presidencial. As duas décadas de reinado de Ailes chegam, no entanto, ao fim.

O executivo negocia agora sua saída da empresa depois que a apresentadora Gretchen Carlson entrou com uma ação acusando seu ex-chefe de assédio sexual. A maioria das funcionárias da Fox News saiu em defesa de Roger Ailes, que negou taxativamente as alegações. A única que tomou distância foi Megyn Kelly. Uma investigação interna revela que ela também foi vítima quando era correspondente da rede em Washington.

Sabe-se que os filhos de Rupert Murdoch querem fazer uma mudança geracional na Fox News. O escândalo o coloca numa bandeja. Mas Roger Ailes é uma figura difícil de substituir, e não apenas porque é difícil encontrar um substituto ou pelos 40 milhões que deverá receber de indenização. Existem vários apresentadores estrelas, como Bill O’Reilly ou Greta Van Susteren, que têm cláusulas que lhes permitem sair da rede se o presidente se afastar.

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