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O assassino de Dallas guardava um arsenal e explosivos em casa

Franco-atirador abatido foi identificado como Micah Xavier Johnson, um afro-americano de 25 anos

Silvia Ayuso

O franco-atirador que na noite de quinta-feira causou terror em Dallas, matando cinco policiais e ferindo outros sete, foi identificado. Trata-se de Micah Xavier Johnson, um reservista afro-americano de 25 anos, residente nos arredores da cidade texana onde promoveu o ataque, segundo confirmou na sexta-feira a polícia de Dallas. Em sua casa foi achado um arsenal e até material para fabricar bombas.

Micah Xavier Johnson.
Micah Xavier Johnson.

A motivação do ataque, disse Johnson aos policiais, pouco antes de ser abatido, era sua "chateação" com a morte de negros em mãos de policiais. Estava "chateado com os brancos", afirmou. E sua intenção era inequívoca. "Queria matar brancos, especificamente agentes brancos", relatou na manhã de sexta-feira o chefe de Polícia de Dallas, David Brown, que não deu então o nome do suposto atacante. Horas mais tarde, porém, sua equipe estabeleceu a identidade do até agora único suspeito confirmado da matança dos agentes.

Até a noite de quinta-feira Johnson não estava nos radares das forças de segurança. Não tinha nem antecedentes criminais nem laço algum com o terrorismo, segundo o comunicado oficial. Antes de morrer, Johnson havia gritado aos agentes que estava agindo sozinho e não tinha nenhuma filiação a grupos. Na sua página do Facebook –que já foi fechada– o jovem menciona, no entanto, pessoas relacionadas com "uma forma radical de afrocentrismo", destacou a polícia em sua ficha sobre o agressor, na qual também cita conhecidos que o descrevem como uma pessoa "solitária". Meios de comunicação como a rede NBC também ressaltam que em sua página no Facebook Johnson publicou uma foto sua com o punho para o alto, imitando a saudação dos ativistas do black power.

Uma revista efetuada em sua residência, em Mesquite, um subúrbio de Dallas, confirmou que a ação de Johnson não foi improvisada. Os agentes encontraram "material para fabricar bombas, coletes à prova de balas, fuzis, munição e um diário pessoal sobre táticas de combate", de acordo com a versão oficial.

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Sua perícia com as armas se deve ao Exército. O Pentágono confirmou que Johnson foi reservista até abril do ano passado, embora suas tarefas nas Forças Armadas estivessem voltadas para trabalhos de carpintaria e alvenaria. Entre novembro de 2013 e julho de 2014 esteve no Afeganistão, em uma brigada de engenharia. Obteve várias condecorações.

Segundo a NBC, Johnson cresceu em Mesquite, onde concluiu o colégio em 2009. Atualmente trabalhava nessa mesma região como assistente para crianças e adultos com deficiência mental, sempre de acordo com essa emissora, que disse ter visto sua ficha de emprego e conversado com uma tia do suspeito.

Em um dos terríveis vídeos difundidos pelas redes sociais durante a longa noite se vê um homem disparando à queima-roupa contra um agente de polícia, com um fuzil de assalto. Não está claro se se trata de Johnson, apesar de tudo indicar, por ora, que ele era o único agressor, como afirmou antes de morrer, mas a polícia não quer descartar nenhuma possibilidade.

Pouco se sabe ainda da vida de Johnson, mas há detalhes de sua morte. Acabou encurralado em um estacionamento no centro de Dallas, perto de onde supostamente teria cometido seu múltiplo crime. Durante horas, a polícia tentou negociar com ele. Não foi possível. Segundo Brown, Johnson até chegou a dizer que havia espalhado explosivos. Diante da possibilidade de perder mais agentes na tentativa de dominar o franco-atirador, foi tomada a decisão drástica: a polícia enviou um robô com uma bomba que foi detonada perto de onde estava Johnson, que morreu durante a madrugada.

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