PF prende Paulo Bernardo, ex-ministro petista, e faz buscas na sede do partido em SP
Medidas fazem parte da Operação Custo Brasil, braço da Lava Jato Polícia investiga 100 milhões de reais desviados com participação da pasta do Planejamento
Um desdobramento da Operação Lava Jato resultou nesta quinta-feira na prisão de Paulo Bernardo, ex-ministro do Planejamento no Governo Lula e que foi titular da pasta de Comunicações no primeiro Governo Dilma. O petista foi preso preventivamente pela Polícia Federal em Brasília, no apartamento funcional de sua esposa, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) – também implicada na Lava Jato, mas que não está implicada nas ações desta quinta. A casa dos dois, em Curitiba, também é alvo de buscas.
Paulo Bernardo deverá ser levado à sede da PF em São Paulo. Ele é acusado, como ex-chefe do Planejamento, de desvios de 52 milhões de reais em contratos de informática da pasta com o Grupo Consist Software. A empresa foi contratada pelo Ministério do Planejamento para gerenciar empréstimos consignados concedidos por bancos a servidores públicos. Bernardo é acusado de receber 9,5% nos primeiros anos do arranjo feito com a Consist. Os recursos desviados bancaram custos eleitorais e para benefício próprio.
No total, o esquema desviou entre 2010 e 2015 cerca de 100 milhões de reais – 70% dos quais eram repassados a agentes públicos, diz a PF. "Segundo apurou-se, 70% dos valores recebidos por essa empresa eram repassados a pessoas ligadas a funcionários públicos ou agentes públicos com influência no ministério por meio de outros contratos – fictícios ou simulados", afirmou a polícia em nota. Bernardo teria recebido parte desse dinheiro enquanto estava no Planejamento, e depois quando esteve à frente da Comunicação.
A PF também prendeu Valter Correia, atual secretário de Gestão do prefeito Fernando Haddad, que foi chefe da assessoria especial para modernizacaão do Ministério de Planejamento no governo Dilma, quando Miriam Belchior era a titular.
A base para a investigação foi a delação premiada do ex-vereador de Americana, interior de São Paulo, Alexandre Romano, operador do dinheiro ilícito da Consist desde 2010. O recurso passava pelas empresas dele, supostamente prestando serviços intermediários. Estima-se que Romano, preso em agosto de 2015, tenha gerenciado mais de 37 milhões de reais.
A operação deflagrada nesta quinta, batizada de Custo Brasil e chefiada pela Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor) de São Paulo, envolve também outros 10 mandados de prisão preventiva, 14 de condução judicial e 40 de busca e apreensão. Entre os que foram chamados a depor estão o ex-ministro da Previdência e da Secretaria da Aviação Civil Carlos Gabas, amigo pessoal da presidente afastada, e jornalista Leonardo Attuch, dono do site Brasil 247.
A casa do ex-ministro Gabas em Brasília foi alvo de busca e apreensão. O mesmo aconteceu com a sede nacional do PT, em São Paulo, e a sede do partido na capital federal. Rui Falcão, presidente do PT, estava a caminho de Brasília quando os policiais chegaram ao partido e, ao saber do mandado, decidiu voltar a São Paulo.
A Custo Brasil é a primeira operação da Polícia Federal em São Paulo no âmbito da Lava Jato, em ação conjunta com o Ministério Público Federal e a Receita Federal do Brasil. A investigação foi instaurada em dezembro de 2015, com a documentação apreendida na 18ª fase da Lava Jato – batizada de Piluxeco 2 –, por determinação do Supremo Tribunal Federal. Também são investigadas pessoas ligadas a funcionários públicos e agentes públicos vinculados ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG.
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