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Novo vídeo confirma a versão da vítima de estupro coletivo no Rio

Polícia descobre um segundo vídeo da adolescente sendo abusada e tentando resistir

M. R.
Manifestação no Rio lembra as vítimas de abuso sexual.
Manifestação no Rio lembra as vítimas de abuso sexual.Marcelo Sayão
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As investigações do caso do estupro coletivo sofrido por uma adolescente de 16 anos no Morro do Barão, na zona oeste do Rio, avançam e vão confirmando a versão da da garota, de que fora vítima de um estupro coletivo, e desmentindo os primeiros depoimentos dados pelos estupradores. Ainda não se sabe, porém, quantas pessoas exatamente participaram do crime. A Polícia Civil do Rio de Janeiro descobriu um novo vídeo com cenas que revelam a resistência da jovem e a participação de um dos envolvidos, Raí de Souza, que havia negado o crime. Até o momento, a polícia já confirmou que o crime aconteceu entre os dias 21 e 22 de maio, e que ela esteve com Lucas Perdomo primeiramente em uma casa, e depois foi levada para outro lugar. Os acusados negavam que ela tivesse saído do local onde havia passado a noite com Perdomo.

As novas imagens, divulgadas pelo programa Fantástico neste domingo, mostram a garota sofrendo abuso e tentando reagir. Ela diz “não”, mas a reposta do abusador é “não o que, pô?”. Esse é o segundo vídeo encontrado com cenas do crime de estupro. O primeiro circulou pela internet logo após o estupro ocorrer. A vítima, que afirmou que não ia prestar queixa, decidiu procurar a polícia depois que o crime se tornou público. Este segundo material foi encontrado no celular de Raí de Souza, preso desde a quarta-feira da semana passada. De acordo com o Fantástico, a polícia concluiu com o novo material que a jovem foi estuprada ao menos duas vezes. O intervalo de um estupro para o outro – cerca de 30 horas – seria uma das evidências de que foi cometido por diversas pessoas.

De acordo com o Fantástico, a cronologia do crime foi a seguinte:

Sábado, 21 de maio

7 da manhã – a menor, Raí, Lucas Perdomo, suposto namorado da vítima, e uma segunda garota saíram de um baile funk na comunidade. Foram até uma casa abandonada no Morro do Barão.

10 da manhã – Raí, Lucas e a outra garota deixam a casa. A menor teria ficado sozinha no local.

11 da manhã – a adolescente é encontrada desacordada pelo traficante Moisés Camilo de Lucena, o Canário. Ele pega a garota e a leva para outra casa. De acordo com o Fantástico, Canário teria sido o primeiro a estuprá-la.

Domingo, 22 de maio

19h – Raí chega acompanhado de Raphael Duarte Belo e Jeffinho. Neste segundo momento, a adolescente é abusada novamente. Os vídeos são gravados e as fotos, que circularam pela internet, foram tiradas. Raphael aparece em uma imagem tocando na jovem nua e desacordada.

No primeiro depoimento que prestou, na semana seguinte ao crime, Raí disse que havia destruído o celular. Foi liberado na sequência. Mas assim que assumiu o caso, poucos dias depois, a delegada Cristiana Bento pediu a prisão de Raí, sob a suspeita de que ele teria filmado a jovem desacordada e nua. Ele disse que teve relações consentidas com a garota e que era o dono do celular onde as imagens foram feitas, mas que não tinha mais o aparelho. Na última sexta-feira, porém, a polícia encontrou o celular em uma casa em Madureira, na zona oeste do Rio.

Raí se entregou para a polícia na segunda-feira da semana passada e está preso desde então. Na quinta-feira, foi transferido para o presídio de Bangu, no Rio, para onde foi também Raphael Duarte Belo, que se apresentou à polícia na quarta. Outros cinco suspeitos estão foragidos: Marcelo Miranda Correia, suspeito de divulgar as imagens; Sergio Luiz da Silva Junior, conhecido como Da Rússia, apontado como chefe do tráfico do Morro do Barão, onde o crime ocorreu; Michel Brasil da Silva, suspeito de divulgar o vídeo; Moisés Camilo de Lucena, conhecido como Canário, que, segundo a vítima, a teria segurado durante o estupro; e um quinto suspeito, cujo nome completo não foi divulgado, mas é conhecido como Jeffinho, que teria filmado o estupro.

Ao Fantástico, Cristiana Bento afirmou estar segura de pelo quatro pessoas que participaram do estupro. “Temos prova material de que o Raí, o Raphael, o Jeffinho e o Canário abusaram dessa menina”. Os quatro responderão pelos crimes de estupro e de produção e divulgação de imagens de criança e adolescente.

O suposto namorado da vítima, o jogador de futebol Lucas Perdomo, foi detido na semana passada, mas liberado na sexta-feira. A delegada afirmou que não havia provas suficientes para mantê-lo preso. “Inocente eu acho que está muito cedo para afirmar, mas até agora a gente não teve provas suficiente da participação dele. Por isso eu estou pendido a liberdade dele", disse, na sexta. "Ele continua sendo envolvido, mas no momento a manutenção dele se torna desnecessária".

Manifestações de apoio forçadas pelo tráfico

Na semana passada, um grupo de moradores da comunidade foi até a porta da delegacia no Rio de Janeiro prestar apoio aos suspeitos. Mas a polícia encontrou áudios no celular de Raí que mostram que a manifestação não foi espontânea. O áudio diz: “Mano mandou ir no protesto. Ser não for, é com eles mesmo”.

A polícia suspeita que o chefe do tráfico da região, Da Rússia, seria o mandante do protesto.

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