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Operação Zelotes mira presidente do Bradesco e ações do banco despencam

Luiz Trabuco, presidente do quarto maior banco do país, e mais 9 são indiciados pela PF Investigação mira esquema de sonegação e compra de sentenças por grandes empresas

Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco, o quarto maior banco do país, foi indiciado nesta terça-feira (31) pela Polícia Federal no âmbito da Operação Zelotes, que apura o pagamento de propinas em esquema de sonegação de impostos de grandes empresas e de venda de medidas provisórias de incentivos fiscais. Trabuco é investigado por crimes de corrupção passiva e ativa, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

 Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco.
Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco. Lula Marques/Agência PT

Foram indiciados também outras nove pessoas, mas seus nomes não foram divulgados e o Ministério Público Federal ainda avalia se oferecerá denúncia contra eles. Trabuco não é o único banqueiro que virou alvo da Zelotes. No final de março, Joseph Safra, dono do Grupo Safra e o segundo homem mais rico do Brasil, foi denunciado à Justiça pelo MP por corrupção. Ele é acusado de pagar 15 milhões em propinas para obter decisões favoráveis no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), da receita Federal. Até o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, está na mira da operação. No último dia 9 deste mês, ele foi levado a depor coercitivamente na PF.

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No caso do Bradesco, a suspeita é de que o banco tenha negociado a contratação de serviços de um dos escritórios investigados pela Zelotes, acusado de corromper conselheiros do Carf para livrar instituições financeiras de multas aplicadas pelo órgão. Por meio de sua assessoria de imprensa, o banco negou envolvimento com a empresa. "Não houve contratação dos serviços oferecidos pelo grupo investigado. O presidente não participou de qualquer reunião com o grupo citado", afirmou. De acordo com o relatório da PF, o banqueiro recebia informações de seus subordinados referentes a ações ilícitas realizadas no Carf.

Segundo a assessoria de imprensa do banco, o caso que está sendo investigado envolve um recurso apresentado pelo Bradesco ao Carf, em que o banco pretendia reverter o pagamento de "cobrança adicional de PIS/Cofins". Entretanto, perdeu a causa por 6 votos a zero. A instituição disse que irá apresentar seus argumentos "juridicamente por meio do seu corpo de advogados".

Trabuco, que ingressou no Bradesco quando tinha 18 anos de idade, é um dos mais renomados executivos do país. Preside o banco desde 2009, mas, em quatro décadas instituição, assumiu diversos cargos, inclusive a presidência da Bradesco Seguro, posição que lhe deu visibilidade e o levou ao posto máximo do banco.

O executivo chegou a ser cogitado para substituir o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no governo de Dilma Rousseff, mas recusou. Em seu lugar, assumiu o colega de banco Joaquim Levy, então diretor-presidente da gestora de recursos Bradesco Asset Management.

O mercado recebeu mal a notícia e as ações do Bradesco despencaram 5% na bolsa esta terça. A notícia também contaminou os papéis de outros bancos, como os do Santander (-2,19%), do Itaú (-1,37%), e do Banco do Brasil (-0,24%). Juntas, essas ações respondem por 27% do Ibovespa, principal indicador da bolsa. O Ibovespa, inclusive, recuou 1,01% no dia.

Entenda a Operação Zelotes

A Operação Zelotes foi deflagrada pela Polícia Federal em março de 2015, para investigar fraudes no Carf. A entidade é uma espécie de tribunal que avalia recursos de multas aplicadas pela Receita Federal a empresas que não estão em dia com o pagamento de tributos.

Inicialmente, a operação investigava o pagamento de propinas a conselheiros do Carf para que multas fossem reduzidas ou anuladas, mas há indícios de um esquema de venda de medidas provisórias que beneficiavam empresas do setor automotivo por meio de incentivos fiscais. Duas medidas provisórias assinadas por Lula e uma por Dilma Rousseff (PT) estão sob investigação.

No total, mais de 70 decisões do Carf estão sendo analisadas, envolvendo empresas de várias áreas, a exemplo da Gerdau, Petrobras, a TIM, a Huawei, Camargo Corrêa, Ford, Mitsubishi e RBS. Além do Bradesco, outros bancos estão na mira da Zelotes, como Santander, Safra e Bank Boston.

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