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Dilma diz estar preparada para enfrentar o “quarto turno” eleitoral no Senado

No Palácio do Planalto, presidenta fala a respeito de parecer aprovado: “É uma imensa sensação de injustiça”

Dilma Rousseff, nesta segunda-feira em seu pronunciamento.
Dilma Rousseff, nesta segunda-feira em seu pronunciamento.Roberto Stuckert Filho/ PR

Visivelmente cansada e dizendo estar muito triste, a presidenta Dilma Rousseff (PT) disse que irá disputar uma espécie de “quarto turno” eleitoral quando o seu processo de impeachment chegar ao Senado, o que deve ocorrer nos próximos dias. Sem usar a palavra renúncia, ela afirmou que está preparada para enfrentar essa próxima batalha pelo seu mandato. “Eu tenho ânimo, força e coragem suficiente para enfrentar, apesar que com sentimento de muita tristeza, essa injustiça. Não vou me abater”. As declarações foram dadas nesta segunda-feira, um dia após a Câmara dos Deputados admitir, por 367 votos a 127, a continuidade do processo de impedimento da presidenta. Este foi o terceiro turno, nas palavras da petista, que venceu as eleições de 2014 após disputar as duas etapas do processo.

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Caso a abertura do processo seja aceita por maioria simples dos 81 senadores, Rousseff será afastada temporariamente do cargo por até 180 dias. Nesse período, quem assume a presidência é o vice, Michel Temer.

Na entrevista, a presidenta fez gestos firmes, batendo uma das mãos no púlpito enquanto dizia se sentir injustiçada. Também fez dois movimentos incomuns: não leu seu pronunciamento e pediu desculpas ao pronunciar uma palavra de maneira errada. Apesar do gestual, a ex-guerrilheira Rousseff falou em um tom calmo na maior parte do tempo. Usou uma força de expressão e declarou que está tendo seus “sonhos torturados”.

“Comecei lutando numa época que era muito difícil lutar, era a época da ditadura aberta, escancarada, aquela que te torturava fisicamente e que matava, tirava a vida de companheiros seus. Agora, vivo na democracia. De certa forma, eu estou tento meus sonhos torturados, meu direito torturado. Agora, não vão matar em mim a esperança porque eu sei que a democracia é sempre o lado certo da história”.

Dessa vez o discurso foi escrito pela própria presidenta. Como ocorrera desde a semana passada, quando o vice-presidente Michel Temer escancarou sua atuação pelo impeachment, Rousseff usou o espaço para criticar seu eventual sucessor e também o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O primeiro, chamou de conspirador. O segundo, de antiético. “É estarrecedor que um vice-presidente, no exercício de seu mandato, conspire contra a presidenta. Abertamente. Em nenhuma democracia do mundo uma pessoa que fizesse isso seria respeitada. Porque a sociedade humana não gosta de traidor”.

A referência a Eduardo Cunha ocorreu também em um dos vários momentos em que a petista afirmou se sentir injustiçada e dizer que não cometera nenhum crime fiscal. “Não há contra mim nenhuma acusação de desvio de dinheiro público. Não há contra mim acusação de enriquecimento ilícito. Não fui acusada de ter contas no exterior. Por isso, me sinto injustiçada porque aqueles que praticaram atos ilícitos e têm contas no exterior presidem a sessão que trata de uma questão tão grave que é o impedimento de um presidente”.

A presidenta tratou superficialmente das defecções que teve na Câmara. Duas bancadas que votariam ao lado dela, como o PDT e o PR, e somariam 59 votos, entregaram apenas 27. Neste quesito ela anunciou que o deputado Mauro Lopes (PMDB-RJ) não voltará a ocupar o ministério da Aviação Civil porque votou a favor do impeachment. Ela disse ainda que não via na atitude de alguns parlamentares o ressentimento por não terem sido bem tratados pelo seu Governo em outros momentos.

Sobre a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu Governo, Rousseff afirmou esperar que isso ocorra ainda esta semana. Na quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal vota uma das ações que impede que Lula assuma o cargo de ministro da Casa Civil.

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