A lista dos principais citados nos ‘Panama Papers’
Entre os nomes mais destacados do caso há mandatários internacionais, membros de casas reais, esportistas e cineastas
Um gigantesco vazamento de 11,5 milhões de documentos expôs a relação de importantes figuras mundiais – entre empresários, políticos, esportistas e personalidades culturais – com o escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca. Desde meados dos anos setenta, importantes bancos do mundo, como o suíço UBS e o britânico HSBC, trabalham ou trabalharam com esse escritório para administrar os ativos offshore (opacos) dos seus clientes. A seguir, alguns dos nomes mais relevantes que aparecem nesses documentos, aos quais o diário alemão Sueddeutsche Zeitung teve acesso, e que depois foram distribuídos para meios de comunicação do mundo todo – no Brasil, a divulgação foi feita pelo portal UOL, pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela Rede TV!, através do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês):
- Vladimir Putin. Apesar de o presidente russo não ser citado nominalmente nos documentos, a análise dos dados apontou que amigos do mandatário, beneficiários de contratos e concessões públicas que não teriam sido possíveis sem sua ajuda, estabeleceram uma rede de sociedades offshore (cujos titulares ficam ocultos) num valor aproximado de 2 bilhões de dólares (7,1 bilhões de reais). Entre as pessoas próximas do mandatário russo se destaca o nome de Sergei Roldugin, seu melhor amigo, que apresentou Putin à sua mulher e é padrinho de sua filha mais velha. A escolha dessa pessoa parece evidente: é da máxima confiança do Putin e sem um perfil econômico marcado, pois é músico profissional e praticamente nunca se envolveu em atividades empresariais. O Governo russo acusou o ICIJ de lançar um “enganoso ataque informativo”.
-Sigmundur David Gunnlaugsson. O primeiro-ministro islandês e sua mulher utilizaram uma firma offshore, a Wintris Inc., para ocultar milhões de dólares investidos em três grandes bancos durante a crise financeira. O envolvido, chefe do Executivo islandês desde meados de 2013, negou qualquer má prática. Poucos dias depois, Gunnlausgsson demitiu.
- Mauricio Macri. O presidente argentino participou, com seu pai e um de seus irmãos, do conselho de administração de uma sociedade offshore com sede nas Bahamas, denominada Fleg Trading. A firma esteve ativa até 2009, quando Macri ocupava a chefia do Governo de Buenos Aires, mas não se sabe se àquela altura ele já havia deixado seu cargo no conselho. O presidente rejeitou as suspeitas, dizendo que nunca participou do capital da Fleg Trading. “Essa sociedade esteve vinculada ao grupo empresarial familiar, daí que o senhor Macri fosse ocasionalmente designado como conselheiro”, afirmou a presidência argentina em nota.
-Salman bin Abdulaziz. O rei da Arábia Saudita utilizou uma sociedade com sede fiscal nas Ilhas Virgens Britânicas – um território que o Brasil considera como paraíso fiscal – para financiar moradias de luxo no centro de Londres. Na documentação também consta como usuário de um iate registrado nesse território britânico de ultramar.
- Petro Poroshenko. O multimilionário presidente ucraniano é, desde meados de 2014, o único acionista da firma Prime Asset Partners, também sediada nas Ilhas Virgens Britânicas.
-Pilar de Borbón. A irmã de Juan Carlos e tia do rei Felipe VI, da Espanha, foi presidenta da empresa panamenha Delantera Financiera a partir de agosto de 1974 – um mês depois de o então príncipe Juan Carlos assumir de forma interina a Chefia do Estado. A sociedade foi dissolvida apenas cinco dias depois de Felipe VI ser proclamado Rei da Espanha, em 2014.
-Micaela Domecq. A esposa do comissário (ministro) europeu de Clima e Energia, Miguel Árias Cañete, ex-ministro espanhol de Agricultura, era uma das pessoas responsáveis pela sociedade panamenha Rinconada Investments Group na época em que seu marido exercia diversos cargos públicos na Espanha e na União Europeia. A firma se tornou inativa no começo de 2010. A família Domecq alega que todos os ganhos foram declarados, e que atualmente não tem nenhum poder na Rinconada.
-Leo Messi. O jogador do FC Barcelona utilizou um escritório uruguaio para adquirir uma sociedade panamenha com a qual teriam faturado seus direitos de imagem – pelas costas da Agência Tributária espanhola – a partir de 13 de julho de 2013, um dia depois de o Ministério Público espanhol mover uma ação contra o jogador por suposta fraude.
- Michel Platini. O ex-presidente da UEFA, suspenso do cargo por suposta vinculação com um caso de corrupção, consta como dono e administrador único da Balney Enterprises, uma sociedade opaca criada no Panamá poucos meses depois da sua nomeação como máximo responsável pelo órgão que dirige o futebol europeu. Segundo os documentos, Platini teve ajuda do escritório Mossack Fonseca para administrar a empresa. Os advogados do ex-jogador francês disseram em nota que “a totalidade das contas e bens” de Platini “é conhecida pela administração fiscal da Suíça, país no qual é residente fiscal desde 2007”.
-Iván Zamorano. O ex-jogador do Real Madrid e da seleção chilena é outro dos nomes ilustres do mundo do futebol que se veem atingidos pelos documentos do Panamá. Segundo eles, Zamorano estava ligado a uma firma, a Fut Bam International, que geria seus direitos de imagem – uma das principais fontes de renda de um jogador de alto nível – a partir das Ilhas Virgens Britânicas.
-Pedro Almodóvar. O cineasta e seu irmão e produtor Agustín comandaram, a partir de junho de 1991, a firma Glen Valley Corporation, também registrada nas Ilhas Virgens Britânicas. A empresa se manteve ativa entre 22 de março de 1991 e 11 de novembro de 1994, e sua tramitação foi gerida pelo escritório panamenho Mossack Fonseca em Genebra (Suíça).
-Jackie Chan. O ator nascido em Hong Kong aparece nos documentos como acionista de seis empresas com sede nas Ilhas Virgens Britânicas.
- Eduardo Cunha. O presidente da Câmara dos Deputados teria uma offshore criada pelo escritório Mossak Fonseca. Os detalhes ainda serão revelados pelas investigações, mas neste domingo, o deputado usou sua conta no Twitter para se defender: "Para deixar bem claro, não tenho qualquer relação, direta ou indireta com a tal offshore, não conheço e nem nunca soube quem é o tal banqueiro", publicou. "Além do que,nunca conheci e nem sabia da existência da tal Mossak".
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