Após saída do PMDB, Dilma reforça discurso de que processo contra ela é “golpe”
Lançamento de nova fase do Minha Casa Minha Vida vira palanque contra impeachment
A presidenta Dilma Rousseff voltou, nesta quarta-feira, a criticar os que defendem seu impeachment, cujo processo tramita na Câmara dos Deputados e tem na figura de Eduardo Cunha, que é réu na Lava Jato, seu maior patrocinador. A mandatária bateu novamente na tecla de que “impeachment sem crime de responsabilidade é golpe (...) é má fé dizer que todo impeachment está correto”. O discurso foi feito um dia após o Planalto sofrer duro golpe com o desembarque do PMDB do Governo, o que deixou a presidenta em uma posição ainda mais delicada para resistir ao impedimento. O vice Michel Temer, tido como um dos articuladores da saída de Dilma, não esteve presente no evento, o lançamento da terceira fase do programa Minha Casa, Minha Vida, e não foi sequer mencionado por ela. A presidenta também falou sobre a importância de respeitar a Constituição de 1988, segundo a qual “vivemos em um regime presidencialista”. “Não existe essa conversa ‘não gosto do governo então ele cai’. Isso existe no parlamentarismo”, afirmou.
Dilma também lançou mão do discurso do medo em seu pronunciamento, dizendo que quem quer sua saída do Planalto fora do que está estipulado na Constituição “quer tirar o Governo para golpear direitos garantidos da população”. “Se fazem isso contra mim, o que não farão contra o povo?”, indagou. Este tipo de afirmação foi usada durante sua campanha à reeleição, quando peças publicitárias assinadas pelo marqueteiro João Santana – preso pela Lava Jato – diziam que caso o PT não ganhasse o pleito os programas sociais seriam cortados.
Membros do PMDB têm trabalhado para evitar que esse rótulo cole, num momento em que estão com um pé no Governo, em meio a um processo de impeachment. “É compromisso do PMDB manter e qualificar programas como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Pró-Uni e Pronatec”, tuitou Moreira Franco, ex-ministro da Aviação Civil pelo PMDB.
Se por um lado Temer foi poupado no discurso da presidenta, a claque que estava presente no evento, não perdoou o peemedebista. Aos gritos de “Temer, renuncia!”, integrantes de vários movimentos sociais que – com algumas ressalvas – apoiam o Governo, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Movimento de Luta pela Terra, Frente Nacional de Luta entre outros, cobraram que o vice-presidente seguisse os passos do partido e de fato desembarcasse do Governo. Com exceção de Temer, todos os ministros e peemedebistas do segundo escalão terão de deixar seus cargos. Os representantes dos movimentos sociais ocuparam lugar de honra na tribuna do evento, sentados ao lado do palanque onde Dilma discursava – espaço geralmente reservado para autoridades como governadores e prefeitos.
A mandatária afirmou que o que está em questão no processo que tramita na Câmara são as contas de 2015, e que ainda não são passíveis de análise. “Ora, elas [as contas] só serão apresentadas em abril. Não foram sequer julgadas pelo Tribunal de Contas da União ou pelo Congresso Nacional. Que processo é esse? É um processo golpista!”. De acordo com ela, o pedido que será analisado na Casa é apenas um “álibi” para seu afastamento. “Não se pode dizer que estamos discutindo um impeachment muito concreto sem crime de responsabilidade”, disse.
A grave situação econômica do país, que passa por recessão e aumento do desemprego, também foi lembrada por ela. “Mesmo diante das dificuldades econômicas que vivemos (...) não podemos ajustar a economia para cortar programas sociais, temos que ajustar para preservar os programas”, afirmou Dilma para justificar os investimentos no Minha Casa Minha VIda. De acordo com ela, “sem estabilidade política, não chegaremos lá [à recuperação econômico]. Aqueles que querem interromper um mandato eleito, que não seja pelos instrumentos legais, vão ser responsáveis pelo retardamento da volta do crescimento econômico e da geração de empregos”.
Ela também aproveitou para criticar o clima de intolerância política que se instalou no país. “Lamento profundamente aqueles que vêm destilando ódio entre brasileiros e brasileiras (...) pois a intolerância é a base da violência”, afirmou. “A gente pode até divergir, não gostar, mas nós não somos uma cultura intolerante”. Ela também resgatou o histórico de lutas pela democratização para justificar a defesa de “direitos adquiridos”. “A democracia é um direito que conquistamos, não caiu do céu”, disse.
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