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Aécio Neves: “O Governo Dilma acabou”

Oposição acusa o Governo de inventar uma “narrativa golpista” e diz que saída de petista é "emergência"

Raquel Seco
Aécio Neves, na coletiva de imprensa em Brasília.
Aécio Neves, na coletiva de imprensa em Brasília.Fernando Bizerra Jr.

A oposição ao Governo brasileiro quer contar ao mundo sua versão da crise política pela qual o país atravessa. A presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, e o ex-presidente Lula convocaram respectivamente nos últimos dias encontros com jornalistas estrangeiros para alertar sobre o “golpe” que é, segundo eles, o processo de destituição de Dilma por meio de um impeachment que consideram com base legal frágil. Na terça-feira, seis partidos de oposição que reúnem mais de um terço dos deputados convocaram uma entrevista coletiva em Brasília na qual criticaram a “narrativa golpista” do Governo e comemoraram a possibilidade de que Rousseff deixe o poder no prazo de um mês. “O Governo Dilma acabou”, assegurou o líder do PSDB, Aécio Neves. Para ele, a saída do PMDB do Governo é uma sinal de que o Executivo está "moribundo".

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Na coletiva, onde não foi permitida a entrada de jornalistas brasileiros, Neves manteve um exemplar da Constituição ao alcance das mãos. Afirmou que a destituição segue “estritamente” as leis, hasteando o livro. O processo, que começou em dezembro, é baseado em supostas manobras fiscais irregulares do Executivo. O Governo afirma que elas não são um “crime de responsabilidade” da presidenta, e, portanto, não justificam seu julgamento político. Por isso, o PT e os movimentos de esquerda têm chamado repetidamente de “golpe contra a democracia” uma eventual destituição de Rousseff. “O Brasil está vivendo a sua plenitude democrática e caminha para destituir a presidenta da República porque ela descumpriu a Constituição”, disse Aécio Neves na terça-feira. “Seria o primeiro golpe referendado pelo STF e com apoio da maioria parlamentar”, ironizou Aécio.

Aécio não quis dizer se fará parte do hipotético Governo de Temer, mas afirmou que colaborará para criar um programa “mínimo e emergencial” para um Governo "de excelência", com uma agenda "dura", de "sacrifícios" e reformas estruturais, incluindo a redução à metade dos ministérios. Aécio reconheceu que a melhor solução para o Brasil seria a convocatória de novas eleições. "O impeachment não traz vantagens para os partidos que estamos aqui", disse Aécio. "Mas pode trazer um caminho para o Brasil", comentou. O país, segundo ele, tem uma “emergência”: afastar Dilma do poder. Apesar das palavras do senador, nomes de seu PSDB negociam com o PMDB a opção do impeachment e, no caso especificamente do senador José Serra, falam abertamente de ocupar postos em um eventual Governo Michel Temer.

Citação na Lava Jato

“Faria melhor o Governo se tratasse de se defender em lugar de estar criando instabilidade, utilizando o Itamaraty e criando no mundo uma versão diferente da real”, frisou Aécio Neves. Ele se referiu às entrevistas coletivas para jornalistas estrangeiros e a atuação do Ministério das Relações Exteriores, que há duas semanas enviou um telegrama as suas delegações no estrangeiro denunciando “o processo reacionário que está em marcha contra o Estado Democrático de Direito”. A carta foi desautorizada no mesmo dia pelo secretário-geral do Ministério, Sérgio Danese, e atribuída a um funcionário próximo ao Governo.

De acordo com a última pesquisa do Datafolha, 68% dos brasileiros apoiam a destituição. A presidenta tem muitos elementos contra ela: uma Câmara hostil, índices de popularidade mínimos, protestos contra o PT, uma economia em baixa e, como se não bastasse, o vendaval do caso Petrobras. A investigação de corrupção na petrolífera estatal atinge seu predecessor Lula, que ela mesma nomeou ministro, mas também políticos dos outros partidos. Entre eles, o próprio Aécio.

Curiosamente, se Rousseff cair nesse processo de destituição, a presidência caberá ao atual vice-presidente, Michel Temer, do PMDB, um partido acusado, pelos investigadores, de ser  "sócio" do PT no esquema de corrupção da Petrobras. Quanto a Aécio, ele é citado na delação premiada do senador Delcídio do Amaral, que o acusa de ter se beneficiado de propinas desviadas da estatal de energia Furnas e de ter fechado acordo para complicar as investigações do chamado mensalão tucano. Na semana passada, o procurador-geral Rodrigo Janot deu um passo para pedir uma investigação de Aécio no Supremo, com base nas declarações de Delcídio. Sobre a Lava Jato, Aécio comentou: "O que mais queremos é que as investigações se aprofundem".

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