Mercados oscilam com iminência de processo de impeachment de Dilma
Bolsa de Valores opera em queda e dólar volta a subir após manifestações. Cenário incerto freia euforia da semana passada
O otimismo dos manifestantes que participaram dos maiores protestos da democracia brasileira neste domingo pela saída de Dilma Rousseff não alcançou o mercado financeiro nesta segunda-feira. Contrariando as expectativas, a euforia vista na semana passada quando uma maré de notícias negativas pareciam acelerar a saída da presidenta, a Bolsa de Valores de São Paulo abriu em queda, oscilando ao longo do dia com o noticiário político. Uma das informações que mexeu com os agentes financeiros foi a possibilidade de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumir um ministério no Governo. Essa seria uma das justificativas para o pregão ter fechado em queda de 1,55%, aos 48.867 pontos. Já o dólar subiu 1,71%, cotado a 3,65 reais, após ter acumulado queda de 10,3% no mês até a última sexta.
Na opinião de André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, o mercado está digerindo o que realmente, de forma prática, significaria uma saída da presidenta. "Há muitas incertezas sobre as condições em que ela sairia. E ainda vem ganhando força a possibilidade do ex-presidente Lula assumir a Casa Civil, são muitos rumores aumentando a volatilidade", explica.
Embora os protestos anti-PT e anti-Governo tenham levado um número recorde de mais de 3 milhões de manifestantes às ruas do Brasil, economistas acreditam que os investidores, que geralmente reagiriam bem à notícia, já esperavam uma grande adesão ao ato e, agora, estão em compasso de espera para os próximos acontecimentos na política. “As manifestações colocam o Governo ainda mais contra a parede e aumentam as chances do impeachment. No entanto, o cenário para o futuro ainda está muito nebuloso, há uma imprevisibilidade enorme”, explica Herverton Carneiro, da RC Consultores.
Para o analista econômico, a convenção do PMDB no sábado, que deixou aberta a possibilidade do partido romper com o Governo Dilma, tornou o cenário ainda mais incerto. "Esse movimento afeta os investimentos tanto de curto como de longo prazo. Conforme a crise política se acentua, fica difícil prever o que vai acontecer na próxima semana, nos próximos dois dias. Ninguém se arrisca", explica. Ainda segundo Carneiro, as respostas positivas da semana passada foram muito rápidas, o que não deve se repetir nos próximos dias.
Nesta semana, o olhos do mercado também devem se voltar para o Supremo Tribunal Federal (STF), que retomará, na quarta-feira, o julgamento do rito processual do impeachment. "Muitos investidores estão atentos a isso, mas já estão pensando na possibilidade de um pós- Dilma, se perguntando como seria um Governo de Michel Temer. Há muitas dúvidas e volatilidade", completa Carneiro.
A consultoria Eurasia disse em relatório, nesta segunda, que os protestos do domingo reforçaram a possibilidade de 65% de chances da presidenta ser afastada do Governo. A consultoria estima também que a saída de Dilma deve ser mais rápida do que a prevista anteriormente. Um impeachment poderia ocorrer já no mês de maio, segundo informa o relatório da Eurasia.
Fator externo
Os ânimos mais contidos também foram influenciados pela piora dos indicadores econômicos e por fatores externos. A divulgação do Índice de Atividade Econômica (IBC-br) de janeiro mostrou que a recessão da economia brasileira continua profunda. Considerada como uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o índice teve contração de 0,61% em relação a dezembro.
"A economia está muito fraca. E o reflexo já estamos vendo nessa temporada de balanços das empresas. Os resultados têm vindo muito ruins", explica André Perfeito.
Na Bolsa, a queda do índice Ibovespa nesta segunda-feira também foi influenciada pelo recuo no preço das commodities, principalmente do minério de ferro e do petróleo, que puxaram as ações da Vale e da Petrobras. As ações preferenciais da Petrobras recuavam mais de 5%, no fim da tarde. Os papéis da Vale também perdiam cerca de 0,2%
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