Argentina se aproxima de acordo com os principais ‘fundos abutre’
Governo Macri ressalta que o pacto ainda não está fechado
O acordo entre o Governo da Argentina e os principais credores com os quais arrasta um conflito há 14 anos está prestes a ser fechado. Matthew McGill, advogado do fundo Elliott Management (liderado por Paul Singer), disse na quarta-feira em Nova York que o acordo, que afeta quase 5 bilhões de dólares (cerca de 20 bilhões de reais) de dívida, “está muito próximo”. Em Buenos Aires, fontes do Governo enfatizam, no entanto, que ainda não foi fechado o acordo com os chamados fundos abutre e que o mediador, Daniel A. Pollack, informará quando isso acontecer.
“Estamos muito perto do acordo”, disse horas antes de McGill, que representa os fundos Elliott e Aurelius, aos juízes numa audiência em Manhattan, segundo declarações divulgadas pela agência Bloomberg. Até agora, o Governo de Mauricio Macri fechou acordos com os detentores de obrigações com menos peso da dívida, mas Singer é alguém com mais envergadura. Trata-se dos fundos mais duros até agora nas negociações já complicadas. O conflito opõe a Argentina e o grupo de investidores – minoritário, mas muito poder – que recusou reduções da dívida em 2005 e em 2010, quando o Governo chegou a acordos com quase 93% dos credores.
As declarações de McGill irritaram o mediador. Daniel A. Pollack disse através de um comunicado que a declaração do advogado “violou a confidencialidade entre as partes”. Essa confidencialidade “é um princípio inviolável de todas as negociações em que sou mediador. Se houver acordo assinado entre estas ou outras partes, e quando houver, vou torná-lo público como mediador especial”, destacou.
O êxito das negociações significaria uma grande vitória para Macri, recém-chegado à Casa Rosada, que assumiu a chefia do Executivo em dezembro. Depois dos primeiros contatos, Buenos Aires propôs, no início de fevereiro, pagar um total de 6,5 bilhões de dólares, quantia que significaria grandes ganhos para os fundos que compraram a dívida argentina quando quase não tinha valor, estratégia que lhes valeu o apelido de “abutre” no jargão financeiro. Ainda assim, o montante inclui uma redução de 25% dos 9 bilhões de dólares formalmente devidos e nas mãos dos tribunais.
O caminho para esse acordo foi pavimentado na semana passada, quando o juiz de New York Thomas Griesa autorizou que a Argentina pudesse pagar a dívida que já havia reestruturado com outros credores sob novas condições. O Governo deve revogar duas leis que impedem o Executivo de propor qualquer melhoria na oferta aceita por 93% dos credores em 2005 e 2010. Além disso, os credores que aceitarem uma redução de 25% poderão receber, mas devem decidir se aceitam a proposta antes de segunda-feira, dia 29 de fevereiro.
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