Atentados deixam mais de 140 mortos em Damasco e Homs, na Síria
Escalada de atos terroristas ocorrem em plena discussão para chegar a um cessar-fogo na guerra da Síria
Vários atentados causaram mais de 140 mortes no domingo em Damasco, capital da Síria, e em Homs, a terceira maior cidade do país, quando os EUA anunciaram um princípio de acordo para uma trégua para a guerra civil que devasta o país. O Estado Islâmico reivindicou a autoria dos ataques, informa a agência Reuters.
Dois atentados com carros-bomba fizeram 57 mortos e 100 feridos na manhã de domingo, na cidade de Homs, situada no norte do país. O ataque terrorista aconteceu no populoso bairro de Al Zahraa, majoritariamente de confissão alauita, a mesma do presidente Bashar al-Assad, e alvo de quatro atentados nos últimos meses.
Algumas horas mais tarde, três explosões perto do santuário xiita de Sayyida Zeinab, ao sul de Damasco, causaram mais de 83 mortes e 178 feridos, segundo a agência de notícias síria SANA. Uma das explosões foi causada por um carro bomba e as outras duas foram provocadas por suicidas.
Em plena discussão para chegar a um cessar-fogo no país, fontes militares de Damasco alertam para uma possível escalada de atos terroristas para torpedear as negociações de paz em curso. No final de janeiro o Estado Islâmico assumiu a autoria de outro atentado, que matou pelo menos 70 pessoas perto do mesmo santuário, que abriga o túmulo de uma neta do profeta Maomé.
“Às 8h15 da manhã ouvimos duas grandes explosões, em seguida tudo era um caos”, diz ao telefone Hayat Awad, assessor de imprensa do município de Homs. “Foram recolhidos três sacos com restos humanos para identificação”, acrescenta. O Governador de Homs, Tala al-Barazi, informou que eram 42 vítimas civis, número que pode subir nas próximas horas devido ao grande número de feridos e de corpos pendentes de identificação. Imagens de carros carbonizados e de destroços de ferro foram mostradas sem parar na televisão estatal síria. A explosão ocorreu em um ponto de ônibus e de táxis coletivos lotado na hora do rush. “É um lugar estratégico, no qual a essa hora estão jovens que se dirigem à universidade, crianças que vão para a escola e funcionários para o trabalho”, explica Bouzaina, moradora de Homs.
Num acordo selado no fim de 2015 entre o Governo de Damasco e grupos rebeldes, as tropas regulares assumiram o controle da cidade. Cerca de mil rebeldes abandonaram, com suas armas e famílias, o bairro de Al Waer, o último dos 36 que permaneciam nas mãos dos rebeldes daquela que há quatro anos foi denominada de “capital das revoltas”.
“Frente ao avanço das nossas tropas e o encurralamento de muitos grupos terroristas [como Damasco qualifica todos os grupos de oposição], é possível que os ataques terroristas aumentem em áreas controladas pelo Governo”, diz sob condição de anonimato um funcionário do Exército sírio. Há um mês, o bairro de Al Zahraa foi alvo de outro duplo atentado suicida e com carro-bomba que matou 25 pessoas. O Estado Islâmico (ISIS, na sigla em inglês) reivindicou a autoria do massacre. Os constantes ataques nesse bairro levaram os moradores a se manifestar exigindo maior segurança e proteção por parte das forças de ordem.
Enquanto a comunidade internacional, com a Rússia e os Estados Unidos por um lado e as Nações Unidas por outro, tenta avançar numa solução política para o conflito, o regime sírio avança no terreno. O decisivo apoio aéreo russo facilitou um rápido avanço das tropas regulares que nas últimas semanas cercaram o bastião rebelde ao norte de Aleppo e conseguiram interromper as rotas que os conectam com a Turquia. “Na verdade, a questão reside em bloquear as estradas entre a Turquia e os grupos terroristas. Esse é o objetivo das batalhas em Aleppo agora, e o conseguimos recentemente, fechando as principais vias”, declarou o presidente da Síria no sábado, em Damasco, em entrevista concedida ao EL PAÍS.
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