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Saliva e urina têm potencial de transmitir o zika vírus, diz Fiocruz

Pesquisadores detectaram o vírus ativo nesses dois locais, mas ainda não é possível garantir que há transmissão

Bebês com microcefalia durante tratamento.
Bebês com microcefalia durante tratamento.Felipe Dana (AP)
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Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entidade ligada ao Ministério da Saúde brasileiro, afirmam que zika vírus ativo foi encontrado na saliva e na urina de pacientes infectados. Segundo a Fiocruz, mais pesquisas precisam ser feitas para se confirmar a transmissão do zika vírus por esses dois meios, mas a descoberta indica que há potencial. Nesta semana, os EUA também confirmaram a presença do vírus no sêmen e a transmissão por via sexual.

Até o momento, a forma mais prevalente de contaminação é o mosquito Aedes aegypti, que transmite também a dengue e a febre chikungunya. A presença em urina e saliva já havia sido detectada, mas é a primeira vez que se verifica que o zika vírus está ativo. “Já se sabia que o vírus poderia estar presente tanto em urina quanto em saliva. Esta é a primeira vez em que demonstramos que o vírus está ativo, ou seja, com potencial de provocar a infecção, o que abre novos paradigmas para o entendimento das rotas de transmissão”, destacou em nota a pesquisadora Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Fiocruz.

Na última semana, a Organização Mundial da Saúde declarou a microcefalia potencialmente causada pelo zika vírus uma emergência mundial e disse que o vírus tem se expandido de maneira “explosiva”. Esta rápida expansão do zika chamou a atenção dos especialistas, pois difere do que se via, até o momento, com as demais doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. A transmissão por saliva, se confirmada, ajudaria a explicar isso.

Na véspera do Carnaval, a notícia de uma possível transmissão por beijo causou preocupação entre foliões. Mas, em uma coletiva de imprensa, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, afirmou que apenas gestantes precisam tomar mais preocupações, até que se saiba mais. A recomendação é que elas evitem aglomerações, compartilhar copos e talheres e beijar na boca, especialmente se há casos suspeitos da doença na família. As grávidas são o principal grupo de risco para a doença, por conta da microcefalia, uma malformação que pode ter afetado 3.670 recém-nascidos desde o final de outubro de 2015.

Para o restante da população o risco costuma ser baixo. Em 80% dos casos, as pessoas que contraem a doença não manifesta qualquer sintoma. E, em outra parte dos casos, os sintomas são menos graves: manchas vermelhas no corpo, coceira e febre baixa, por exemplo. O zika vírus, entretanto, também é apontado como responsável pelo aumento de casos de outra doença neurológica no país, a Síndrome de Guillain-Barré, que pode causar paralisia.

Nesta sexta-feira, o jornal O Globo apontou também que a cidade do Rio de Janeiro registrou um aumento expressivo de casos da síndrome. Desde o começo do ano, o Hospital Universitário Antônio Pedro, em Niterói, atendeu 16 pacientes com a condição que haviam tido zika semanas antes. Seis deles permanecem internados, dois em estado grave. Geralmente, o hospital recebe cinco casos por ano, destacou o jornal. O mesmo aumento de casos havia sido detectado na Bahia, no ano passado, durante a epidemia de zika.

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