Atentado na Síria deixa 50 mortos e 110 feridos
Explosões de carro-bomba e ataques de homens suicidas ocorreram em um mercado do principal bairro xiita de Damasco

Pelo menos 50 pessoas morreram e mais de uma centena ficaram feridas em um atentado neste domingo em um mercado do bairro de Al Sayyida Zaynab, o principal núcleo xiita de Damasco, a capital síria, segundo informações da Sana, agência oficial de notícias nacional, que cita fontes do Ministério do Interior. O Observatório Sírio de Direitos Humanos elevou a 60 o número de mortos, entre eles 25 milicianos xiitas.
De acordo com as primeiras informações, o ataque começou com a detonação de um carro-bomba ao lado de um ônibus de passageiros, seguido de duas explosões provocadas supostamente por terroristas suicidas, dirigidas contra os pessoas que tentavam ajudar as vítimas da primeira bomba.
O Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria da matança em uma mensagem publicada nas redes sociais. O grupo terrorista afirma que dois de seus membros detonaram explosivos. Não menciona o carro-bomba informado pela imprensa estatal síria.
O bairro (no sul de Damasco) tem grande importância simbólica para os xiitas por abrigar a mesquita onde supostamente se encontra a tumba de Zaynab bint Ali, neta de Maomé. A mesquita é lugar de peregrinação de xiitas do Irã e do Líbano, entre outros países.
O distrito de Al Sayyida Zaynab foi palco de duros combates nos primeiros anos da guerra síria, que já custou a vida de mais de 260.000 pessoas desde 2011, mas permaneceu sob o controle do Exército sírio e do movimento xiita libanês Hezbollah, que estabeleceu controles de rua ao redor da área.
A proteção do santuário de Al Sayyida Zaynab atraiu à Síria milicianos xiitas do Iraque e do Irã para defendê-lo e combater os sunitas radicais. Para os xiitas, a importância simbólica do santuário é quase tão forte quanto a da batalha pela sucessão do profeta em Kerbala no século VII, e que deixou o Islã dividido. Os sunitas, ganhadores daquela batalha, sequestraram e torturaram Zaynab, a neta de Maomé, que os derrotados xiitas acreditam estar enterrada nesse santuário.
Em fevereiro de 2015, a mesquita já havia sido alvo de um ataque suicida que ocorreu em um ponto de controle para o acesso ao santuário. Esse atentado deixou quatro mortos e 13 feridos. Nesse mesmo mês foi registrado um segundo ataque, dessa vez contra um ônibus de peregrinos que se dirigiam à mesquita. A Frente Al Nusra, filial síria da Al Qaeda, reivindicou o atentado, no qual morreram pelo menos nove pessoas.