FMI piora sua previsão e estima que o PIB do Brasil despencará 3,5% em 2016
Fundo prevê que economia brasileira continuará estagnada em 2017 e só voltará a crescer em 2018
![Amanda Mars](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/https%3A%2F%2Fs3.amazonaws.com%2Farc-authors%2Fprisa%2Fba73abda-dd99-415f-92e9-5c77a8085423.png?auth=76ccc0cca1cc3a87f14fcf93d990879ee319ad06305acc096e781f64b0382ac6&width=100&height=100&smart=true)
![Christine Lagarde, diretora do FMI.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/FFUDMGONKL2HR3NAQTXPJAI3MQ.jpg?auth=ecece487b78afff3e4904e1c8e22f553c70a2a0c7e6c47768d8cdd30027d3ab4&width=414)
As previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) têm um padrão amargo há tempos: são publicadas quatro vezes por ano e cada revisão piora as perspectivas esperadas para um mesmo exercício apenas três meses antes. O Brasil e o resto da América Latina chamaram atenção nesta terça-feira, dia em que o organismo apresentou o primeiro relatório deste ano, pelo tamanho do tombo. Em concreto, o FMI prevê que a economia brasileira recuará 3,5% em 2016, piorando de maneira significativa suas previsões de outubro, quando acreditava que a queda seria de 1%. Ainda que o resto dos países vizinhos tenham um tímido crescimento, o resultado brasileiro arrasta para baixo a média de crescimento de toda a região: para este ano, o Fundo espera uma recessão de 0,3%, enquanto que em outubro esperava uma expansão de 0,8%.
As previsões para 2017 tampouco são otimistas e o FMI estima que a economia brasileira continuará estagnada — isto é, com crescimento zero — e só voltará a crescer a partir de 2018. A crise no país é pior do que se imaginava em Washington. “A recessão causada pela incerteza política em meio às consequências ininterruptas da investigação da Petrobras está se mostrando mais profunda e prolongada”, diz o relatório.
O panorama é muito diferente para o México, que deverá crescer 2,6% e 2,9% em 2016 e 2017, respectivamente, embora não deixem de ser dois décimos abaixo do que o Fundo tinha estimado em outubro.
O crescimento mundial — e o da América Latina em especial — foi diretamente afetado por duas das grandes incertezas do momento: o baixo preço do petróleo, que castiga os países exportadores; a desaceleração da economia chinesa, que passa por um momento de transição, afetando os países exportadores de matérias-primas; a recuperação mais lenta da economia dos Estados Unidos, além dos riscos do fim dos estímulos monetários e a consequente alta de juros no país, o que agravaria os problemas de dívida de muitas economias com passivos denominados em dólares. Assim, o Fundo prevê que a expansão mundial será de 3,4%, 0,2 ponto percentual a menos que nas projeções de outubro.
São os mesmos problemas que há duas semanas também levaram o Banco Mundial a rever as previsões para a região, embora sejam um pouco mais otimistas que as do FMI. O organismo assinalou que o crescimento será “nulo”, depois da retração de 0,9% em 2015. O prognóstico prévio do Banco era de um crescimento de 1,5%.
“Uma maior apreciação do dólar e condições financeiras mais restritivas poderiam gerar vulnerabilidades nos mercados emergentes, criando possíveis efeitos adversos nos balanços das empresas e problemas de financiamento quando houver uma alta exposição em dólares”, adverte o FMI.