Londres suspende os voos do Sinai pelo risco de atentados
ISIS reafirma que derrubou o voo russo no qual morreram 224 pessoas
O Governo britânico suspendeu todos os voos procedentes da cidade egípcia de Sharm el-Sheikh com destino ao Reino Unido diante da preocupação de que o Airbus que caiu no sábado no Sinai com 224 pessoas a bordo possa ter sido derrubado por um “artefato explosivo”.
É “uma medida de precaução”, segundo informações de Downing Street, tomada depois de “mais informação ter aparecido”. Especialistas em aviação se dirigem ao Egito, segundo a BBC, para realizar uma avaliação das medidas de segurança no aeroporto da cidade turística de Sharm. A avaliação deve ser concluída na noite de quarta-feira
O passar dos dias e a revelação de novas informações, ao invés de esclarecer a causa do acidente do avião russo, trouxe mais confusão. Na manhã de quarta-feira, o autodenominado Estado Islâmico (ISIS) reafirmou a alegação de que a tragédia foi fruto de um atentado e não de uma falha técnica. No momento, e enquanto os especialistas analisam as caixas pretas do avião, as autoridades egípcias e russas não descartaram nenhuma hipótese, mas não trabalham com a hipótese do atentado como a mais provável.
“Dizemos aos que negam e duvidam: morram de raiva. Nós, pela graça de Deus, o derrubamos, e não somos obrigados a revelar como... Iremos fazê-lo no momento em que acharmos propício e da forma que quisermos”, disse um suposto porta-voz do grupo jihadista na gravação de voz, publicada em uma conta do Twitter. Horas depois do atentado, a filial egípcia do ISIS, Wilayat Sina (Província do Sinai), já assegurou ser a responsável pela queda do avião, mas não mostrou nenhuma prova que permita a verificação.
Desde então, ocorreram declarações dos dirigentes egípcios e russos, geralmente contraditórias, sobre a hipótese de um atentado. Mesmo que o primeiro-ministro egípcio, Sherif Ismail, tenha admitido em uma entrevista coletiva que era preciso esperar o término das investigações antes de estabelecer as causas do acidente, o presidente do país árabe, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, descartou de forma contundente um ataque do ISIS em uma entrevista concedida à rede de televisão britânica BBC.
Al Sisi: "É propaganda, controlamos o Sinai"
“É propaganda dizer que [o avião] caiu por conta do ISIS. É uma forma de danificar a imagem do Egito... Acreditem em mim, a situação no Sinai, sobretudo nessa área, está sob nosso controle”, afirmou Sisi, que deverá viajar a Londres na quarta-feira para conversar com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, em uma nova amostra de apoio de um governo ocidental ao regime egípcio apesar de suas graves violações dos direitos humanos.
A comunidade de especialistas em jihadismo se encontra dividida em relação à veracidade da reivindicação do ISIS. Enquanto alguns afirmam que eles não reivindicam ações que não realizaram, outros mostram que o grupo jihadista já agiu de forma oportunista em ocasiões anteriores. Por outro lado, os especialistas concordam que é altamente improvável que um míssil tenha abatido o avião enquanto este voava a 10.000 metros de altitude, uma vez que o ISIS não tem tecnologia suficientemente sofisticada para tanto. Não se descarta, entretanto, a hipótese de que tenham introduzido um artefato dentro do avião. Não é por acaso que a Rússia é um dos países de maioria cristã que mais combatentes fornece ao ISIS.
Enquanto isso, foram recuperados pelo menos 196 cadáveres das vítimas da tragédia, segundo declarações de Hossam Qawish, porta-voz do Governo egípcio, ao jornal Al Ahram. Um segundo avião com restos dos mortos chegou na terça-feira ao aeroporto de São Petersburgo. As primeiras autópsias não revelaram as marcas habituais em casos de explosão, como os ferimentos de estilhaços, segundo a agência de notícias russa Tass. Isso não permite, entretanto, eliminar a possibilidade da existência de uma bomba dentro do avião, pois um explosivo de menor potência teria sido suficiente para danificar seriamente a fuselagem.
O ISIS, na quarta-feira, atacou novamente as forças de segurança egípcias na região norte da província do Sinai. A explosão de um carro bomba no Clube da Polícia da cidade de Arish, reivindicada pela organização terrorista, provocou a morte de pelo menos 6 agentes e feriu outros 10, de acordo com a agência Reuters. A península do Sinai é a principal base de operações da filial egípcia do ISIS, responsável pela morte de centenas de agentes das forças de segurança desde o golpe de Estado de 2013.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.