Operação policial investiga ex-presidente da Catalunha
Agentes revistam casa de Jordi Pujol e de três dos seus sete filhos
Agentes do Corpo Nacional de Polícia (CNP) estão revistando desde a manhã desta terça-feira as residências do ex-presidente da Catalunha Jordi Pujol e de três de seus sete filhos. Os agentes entraram nas casas de Jordi Pujol Ferrusola (conhecido como Júnior) e de dois irmãos seus, Josep e Pere, por determinação do juiz da Audiência nacional José de la Mata. Estão sendo revistadas, também, as empresas dos três irmãos, dentre elas a MT Tahat (de Josep) e a Blau Consultoria (de Pere).
A operação envolve 15 revistas em residências e empresas dos Pujol, embora não esteja prevista a prisão de nenhum membro da família. O ex-presidente da Catalunha e sua mulher não estão sendo investigados neste caso. Os agentes, porém, subiram até o seu apartamento (na avenida General Mitre, de Barcelona) porque seu filho mais velho está morando temporariamente com eles neste momento. No final da manhã, a Polícia deu por concluída a revista, levando consigo várias caixas com documentos, informa Antía García.
A Polícia realiza uma busca também na casa da ex-mulher de Jordi, Mercè Gironés, assim como nas casas de vários outros empresários. Um deles é Carlos Vilarrubí, segundo vice-presidente do FC Barcelona. Os agentes fizeram buscas também na casa de Carles Sumarroca, envolvido nas investigações do 5º Tribunal Central da Audiência Nacional por suposto pagamento de comissões ilegais ao filho mais velho do ex-presidente da Catalunha.
É no quadro dessa investigação que se encaixam as buscas realizadas nesta terça-feira. O primogênito dos Pujol é acusado pelo tribunal central de instruções número 5 da Audiência Nacional de lavagem de dinheiro e fraude fiscal.
A operação é realizada depois da análise de milhares de documentos sobre a movimentação bancária que as autoridades de Andorra remeteram ao juiz De la Mata, titular do 5º Tribunal Central da Audiência Nacional. Essa documentação, segundo as mesmas fontes, registra centenas de operações e movimentações supostamente ilegais, nas quais Júnior teve participação decisiva. São as movimentações registradas na conta que a família possui em Andorra desde o seu nascimento, há mais de 20 anos. As quantias movimentadas, segundo fontes judiciais, são muito elevadas.
Um desses documentos é um manuscrito de 2001 enviado pelo ex-presidente catalão ao Andbank. Nele, Pujol explica que, embora a conta estivesse no nome do filho mais velho, o dinheiro era, na verdade, seu. Esse manuscrito prova, segundo a Polícia, que Pujol mentiu ao afirmar que a herança preservada secretamente pela família nesse país procedia de uma herança paterna e que ele não se beneficiava dela.
A Audiência Nacional (principal órgão da Justiça espanhola) começou a investigar Jordi Pujol Ferrusola a partir de uma denúncia de sua ex-noiva, Victoria Álvarez. A mulher afirmou, primeiramente à polícia e depois ao juiz, que Júnior levava para a Espanha “sacolas com notas de 500 euros”, além de detalhar outras supostas irregularidades. A investigação policial revelou posteriormente que o filho do ex-presidente recebera oito milhões de euros em comissões ilegais entre 2004 e 2012, em troca, supostamente, de favorecimentos.
Júnior, na casa dois pais depois de uma cirurgia
A Polícia não previa entrar na casa de Jordi Pujol e Marta Ferrusola porque a investigação se volta, até agora, apenas para o filho mais velho do casal. Já faz alguns dias, porém, que Jordi Pujol Ferrusola não está morando em sua própria casa. Ele foi submetido a uma cirurgia por causa de uma lesão nos tendões do ombro. Júnior está convalescendo da operação e decidiu passar alguns dias na casa dos pais para se recuperar. Segundo fontes do Judiciário, a Polícia entrou na residência “unicamente para fazer uma busca na casa que está sendo usada” por Jordi Pujol Ferrusola.
As revelações de Álvarez abriram o caminho para diversas investigações contra a família Pujol. Elas tiveram o seu auge em 25 de julho de 2014, quando o ex-presidente admitiu que o clã havia mantido uma conta secreta em Andorra durante 34 anos. O dinheiro, segundo a família, provém de uma herança de seu pai, Florenci Pujol.
Uma juíza de Barcelona acusou Jordi Pujol, sua mulher, Marta Ferrusola, e quatro filhos do casal (Marta, Mireia, Pere e Oleguer) por causa da fortuna guardada secretamente no exterior e das suspeitas de que o dinheiro provinha, na verdade, da “corrupção política”. Até o momento, a família não entregou documentos que comprovem essa herança. O próprio Jordi Pujol Ferrusola foi intimado, depois de seus irmãos o terem apontado como o responsável pela gestão das contas em Andorra e de fazer crescer o patrimônio supostamente deixado pelo avô.
Até agora, as duas investigações (a de Barcelona e a de Madri) havia transcorrido paralelamente, embora tendo várias conexões, sendo a de Andorra a mais evidente delas. As coisas começaram a mudar em junho deste ano, quando, depois de uma primeira negativa, as autoridades judiciais do país dos Pirineus aceitaram enviar ao 5º Tribunal Central da Audiência Nacional a informação sobre as contas bancárias de Jordi Pujol Ferrusola e sua ex-mulher, Mercè Gironés.
A documentação fornecida por Andorra é abundante, envolvendo as contas de Júnior em instituições daquele país (Andbank e Banca Privada de Andorra) desde a década de 1990. A legislação do país não menciona a fraude fiscal como crime, de forma que a Audiência Nacional só pode utilizar os dados recebidos para atribuir ao primogênito crimes relacionados à corrupção.
Em relatório concluído há apenas duas semanas, a Promotoria Anticorrupção defende que Júnior “dirigiu e gerenciou durante décadas” inúmeros “negócios econômicos” da família e diversas ações “para efetuar a lavagem do dinheiro”. E conclui que a investigação destinada a revelar a origem da “fortuna amealhada pelos filhos do ex-presidente da Catalunha não pode ser desenvolvida de modo autônomo”. Por isso, solicita à juíza de Barcelona que transfira a investigação para a Audiência Nacional, para que esta coordene todas as ações contra os Pujol.
No dia 21 de outubro, a Guarda Civil realizou uma busca na sede da Convergência Democrática da Catalunha (CDC) no quadro do caso dos 3%. Agora, revista as casas de vários filhos do fundador do partido, em uma operação conduzida pela Unidade de Delinquência Econômica e Fiscal (UDEF), a elite da polícia em investigações sobre corrupção.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.